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15/02/2012

Construção de barragem sumirá com ‘pantanal’ de Piracicaba, SP

Distrito de Tanquan em Piracicaba, conhecido como pantanal paulistano (Foto: Nikolas Capp/ G1)Distrito de Tanquã, em Piracicaba, conhecido como o pantanal paulistano (Foto: Nikolas Capp/ G1)
O distrito de Tanquã, situado em Piracicaba, no interior de São Paulo, vai desaparecer do mapa nos próximos anos. Isso porque, no projeto de construção da barragem de Santa Maria da Serra, que vai transformar em navegável um trecho do Rio Piracicaba, o “pantanal piracicabano” será transformado em um lago permanente. A barragem faz parte do projeto de ampliação da Hidrovia Tietê-Paraná, que visa aumentar a navegabilidade pelos rios da região.
O apelido de Tanquã veio exatamente por causa da vegetação que se forma no meio do Rio Piracicaba, facilitando a vinda de aves como o tuiuiú, colhereiro, garça, jaburu, biguá, entre outras espécies. “Eles se juntam à beira do rio por causa dos caramujos e caranguejos que ficam por ali. Tem alimento de sobra para elas se juntarem”, conta Luis Fernando Mogossi, presidente da organização não governamental (ONG) Instituto Beira-Rio.
Esses pássaros e espécies que hoje enfeitam os céus do distrito irão sumir da região devido à cheia provocada pela barragem. A vegetação será inundada e, consequentemente, as aves procurarão outro local com alimento. “Demora de 15 a 20 anos para a vegetação voltar, então, as aves vão migrar para um outro habitat”, explica Mogossi. Além da vegetação, a instalação da barragem deverá rertirar pessoas que vivem em um vilarejo no local.
Vilarejo
Com a elevação da água, alguns moradores da região deverão ser retirados por meio de uma desapropriação de terra. Segundo o autor do projeto de criação da barragem, o deputado federal Antonio Carlos Mende Thame (PSDB), a desapropriação de terras em Tanquã ainda deve ocorrer. “Tem algumas propriedades que ainda devem passar por esse processo. Já algumas áreas que são de invasão não há muito o que fazer”, explica ao falar de Tanquanzinho, região de um assentamento irregular à beira do Rio Piracicaba.
O deputado afirma ainda que o projeto está em fase de contratação de uma empresa terceirizada para cuidar de três pontos importantes: atualizar o projeto inicial, que é de 20 anos atrás, atualizar as demandas ambientais, como licenças e Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima), além do projeto executivo. “Acho que vamos avançar  nas próximas semanas. Esperamos até o final do ano estar com tudo aprovado para começar a construçã da barragem.”
Lontra é uma das espécies encontradas em Tanquan (Foto: Nikolas Capp/ G1)Lontra é uma das espécies encontradas no distrito de Tanquã, em Piracicaba (Foto: Nikolas Capp/ G1)
Compensação
A sobrevivência dos animais dependerá da compensação ambiental que será feita neste projeto de instalação da barragem. Segundo Ricardo Otto Leão Schmidt, presidente da Associação de Recuperação Florestal da Bacia do Rio Piracicaba e Região (Florespi), tudo vai depender de como será feita a recriação daquele ambiente em outra área e que vai abrigar os animais.
“Esta é uma das questões mais importantes e que será respondida com os estudos de impacto ambiental. Nas barragens, que já saíram do papel em outros locais, a compensação é sempre minimizada. Isso é um grande erro. O projeto pode ser feito, mas precisa ter transparência, além de ter uma valorização ambiental em outra área próxima”, afirma Schmidt.
Thame diz que não faltará afinco para que o meio ambiente, turismo e o transporte sejam beneficiados. “Queremos ajudar a tirar caminhões das estradas, o que diminui a emissão de gás carbônico. Além disso, ajudaremos no turismo na região com a hidrovia. Compensaremos os danos ambientais em um outro local, e faremos isso da melhor maneira possível”, explica.
Para Schmidt, é preciso ver o que prevê o projeto neste caso. “Precisamos ver esses relatórios prontos para depois sentarmos e discutirmos. Projetos anteriores foram muito ruins no aspecto  ambiental e, por isso, foram criticados. Com a criação desta barragem perderemos Tanquã, mas a natureza precisa ser recompensada à altura.”
Autor: Nikolas Capp – Fonte: G1
Vegetação em meio à água do Rio Piracicaba que dá apelido ao distrito (Foto: Nikolas Capp/ G1)

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