Powered By Blogger

28/02/2012

Cientistas alertam para o futuro dos oceanos

Diversos relatos de pesquisas relevantes sobre a vida e o futuro dos oceanos foram apresentados durante a conferência anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS), realizada de 16 a 20 de fevereiro em Vancouver, cidade à beira-mar no Canadá.
James Hansen, do Instituto Goddard para Estudos Espaciais da Nasa, a agência espacial norte-americana fez uma das exposições de maior repercussão. Segundo ele, o uso intensivo de combustíveis fósseis e o aumento das temperaturas médias dos oceanos podem levar, entre outras consequências, a elevações de vários metros do nível dos oceanos e à extinção de entre 20% e 50% das espécies do planeta.
Segundo o cientista, a elevação do nível dos mares coloca em risco a própria existência física de cidades em áreas costeiras de baixa altitude, como é o caso de Vancouver, entre muitas outras. O fenômeno é intensificado pelo derretimento de parte das calotas polares, também decorrente do aquecimento global, especialmente em regiões mais próximos dos polos, como também é o caso da cidade canadense.

O alerta de Hansen teve grande impacto na opinião pública da cidade anfitriã da conferência, inclusive porque suas autoridades públicas tomaram recentes decisões que seguem na contramão das advertências do cientista.
Por exemplo, existem planos para dobrar a produção de carvão metalúrgico e fazer crescer significativamente a de gás natural liquefeito, não só para atender à demanda local por energia, mas também para exportação.
Situação dos peixes
O professor da Universidade da Colúmbia, Villy Christensen, apresentou resultados iniciais, mas impressionantes, de seu projeto Nereus, cujo nome homenageia um deus grego.
Segundo Christensen, as melhores estimativas atuais são de que há nos oceanos cerca de 2 bilhões de toneladas de peixe, ou seja, cerca de 300 quilos para cada habitante do planeta. No entanto, pelo menos metade disso está em zonas muito profundas dos mares, e ainda é constituída de espécies pequena demais em tamanho e, por isso, inviável para exploração comercial e consumo humano.
E na outra metade, de peixes que medem pelo menos 90 centímetros e são apropriados para alimentação de pessoas, houve um declínio da biomassa de 55% de 1970 até agora. "É uma mudança dramática e global", explicou.

Christensen defendeu que deve se investir mais em pesquisas sobre a vida marinha e especialmente sobre o impacto do aquecimento global sobre ela, para que decisões políticas apropriadas possam ser tomadas. No entanto, apesar da necessidade de mais estudos, ele acredita que o que já se sabe é suficiente para se preocupar com o futuro.
Por exemplo, já existe a previsão de que o aumento da temperatura das águas vai fazer com que muitas espécies de animais marinhos procurem as águas mais frias das regiões mais próximas dos pólos, o que poderia beneficiar os habitantes dessas áreas.
Mas William Cheung, que trabalha no mesmo projeto Nereus, argumentou que essa conclusão otimista pode ser apressada e errada, segundo ele, diferenças de quantidade de oxigênio em águas frias e quentes e a crescente acidificação dos oceanos, também comprometem negativamente a produtividade marítima.

Lisa Levin, do Instituto de Oceanografia Scripps, da Califórnia, em outra atividade da conferência da AAAS, confirmou indiretamente a fala de Cheung. Levin mostrou conclusões de sua pesquisa, segundo as quais o aquecimento dos oceanos produzidos pelas mudanças climáticas está causando a expansão de zonas submarinas de baixo oxigênio, o que afeta negativamente a produção pesqueira de diversas regiões, inclusive as da costa da Colúmbia Britânica.
Levin chama o fenômeno de "compressão de habitat" e disse que ele afeta áreas que se estendem por mais de 150 mil quilômetros em torno das beiradas dos oceanos. Segundo suas previsões, até o ano de 2050, peixes que habitam nessas regiões podem perder 50% na variação da profundidade em que vivem.
Redação EcoD
foto Reuters

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.