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31/03/2012

Ecologistas vaiam políticas de Dilma

Rio de Janeiro, Brasil, 30/3/2012 – Organizações sociais denunciaram que o primeiro ano de mandato da presidente Dilma Rousseff se caracterizou pelo “maior retrocesso da agenda socioambiental desde o final da ditadura militar”, revertendo uma tendência sustentada desde 1998. A denúncia consta de um documento que será apresentado ao governo brasileiro e ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, junto com uma carta assinada por 39 organizações ecologistas.
“É uma situação lamentável”, declarou à IPS o ativista Mario Mantovani, da SOS Mata Atlântica, ao falar na entrevista coletiva realizada no dia 28 com correspondentes da imprensa estrangeira. “Vivíamos um crescimento das questões ambientais desde o fim da ditadura (1964-1985) e o que vemos agora é que este governo colocou este assunto como moeda de troca, o que é muito ruim, porque se troca por coisas com uma importância política momentânea”, denunciou Mantovani se referindo a acordos com partidos de oposição.
“O Brasil entrou novamente naquela coisa de 1700, quando era fornecedor de matéria-prima, agora com tecnologia”, destacou com referência a produtos “altamente concentradores de terra” que degradam o meio ambiente. Mantovani se referiu ao retrocesso de “grandes conquistas”, como a função social da terra, que foram possíveis graças à colocação de limites às grandes fazendas em poucas mãos, um fenômeno “que exclui e que mata”.
“É um retrocesso impensável quando vem de um governo que foi produto da reação da sociedade”, destacou ao se referir ao Partido dos Trabalhadores (PT), que chegou ao governo em janeiro de 2003 com Luiz Inácio Lula da Silva e permanece com Dilma, que tomou posse em janeiro do ano passado.
As organizações, responsáveis pelo documento “Retrocessos do governo de Dilma na Agenda Socioambiental”, recordaram que os êxitos das duas últimas décadas permitiram ao Brasil ser o primeiro país em desenvolvimento a apresentar metas de redução de crescimento das emissões de carbono, o que contribuiu para colocá-lo como um líder ambiental no mundo. Contudo, ao contrário do prometido por Dilma, desta vez não se avançou e também se retrocedeu.
“Temos importantes sinais de que a agenda socioambiental futura será de desconstrução do realizado nos últimos 20 ou 30 anos”, disse à IPS o ativista Bazileu Margarido, do Instituto Democracia e Sustentabilidade. A advertência tem a ver com o projeto de reforma do Código Florestal, em discussão no Congresso, que reduz a proteção das selvas e concede ampla anistia ao desmatamento irregular registrado até julho de 2008.
Caso seja aprovado, “será instaurada uma impunidade que estimulará o desmatamento, além de reduzir as reservas legais e as áreas de proteção permanente em todo o país”, advertiu Margarido. Os ecologistas recordam que nos governos anteriores houve tentativas de reduzir os mecanismos legais de proteção das florestas e do meio ambiente, cuja “maior parte foi impedida pelo Poder Executivo devido à forte reação da sociedade”. Hoje, o governo “é cúmplice ou omisso no desarme” da legislação protetora, ressaltam.
O governo assegurou que o índice de desmatamento da Amazônia caiu 11,7% entre agosto de 2010 e julho de 2011, alcançando seu nível mais baixo registrado pelo terceiro ano consecutivo. Esta porcentagem equivale, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a uma área desmatada estimada em 6.238 quilômetros quadrados de selva, e constitui o menor índice de desmatamento neste país desde o começo do controle por satélite, em 1988.
Nilo D’Avila, coordenador de políticas públicas da filial do Greenpeace no Brasil, destacou que, precisamente, esse avanço se deu com o atual Código Florestal – que agora querem abrandar –, cujas penas incluem multas por desmatamento que impossibilitam o acesso ao crédito por produtores rurais infratores.
“Políticas com essas são as que deram resultados”, disse Brenda Brito, do Imazon, ao mencionar o caso dos frigoríficos “forçados” a não comprarem carne de gado criado em reservas ambientais que foram desmatadas. O documento também se refere à interrupção do processo de criação de unidades de conservação, um sistema legal de proteção de ecossistemas.
Na Amazônia, foram “excluídos 86 mil hectares de sete unidades de conservação para quatro grandes projetos hidrelétricos”, afirmou Margarido. “O governo de Dilma é o primeiro que não só deixa de criar novas áreas de proteção como as reduziu”, destacou Raul Silva Telles do Valle, do Instituto Socioambiental. Outra crítica se dirige à “fragilidade” dos órgãos ambientais do Estado, que fez decair o poder de controle e facilitou a entrega de licenças, por exemplo, no caso de Belo Monte, uma hidrelétrica que está em construção na Amazônia.
“Belo Monte destruiu as regras, as condicionantes ambientais e as populações indígenas afetadas”, ressaltou Valle ao alertar que, além dela, serão construídas na Amazônia outras 170 hidrelétricas, mais de 60 delas de grande porte e sem a suficiente “avaliação estratégica”. O conjunto destas obras provocará mais desmatamento, associado à emigração e especulação agrária. “Também vai alterar o regime hidrológico da região e afetará de forma irreversível as populações indígenas e comunidades de trabalho” do lugar, afirma o documento.
No texto é mencionado o congelamento dos reconhecimentos de terras indígenas e quilombolas (habitadas por descendentes de escravos africanos). Também alerta para outros projetos de alteração da legislação ambiental, em discussão no parlamento, como a que dificultará a criação de novas unidades de conservação e homologação de terras indígenas, o que “fragiliza” o bioma da Mata Atlântica, uma floresta de toda a costa brasileira contínua ao Oceano Atlântico, que hoje tem apenas 7% de sua extensão original.
Outras ações legais poderiam permitir a plantação de cana-de-açúcar na Amazônia e em outro bioma importante, o Pantanal, ou autorizar atividades de mineração em áreas indígenas, segundo os ecologistas. A mensagem parece ser que, “em nome do desenvolvimento, vamos facilitar os empreendimentos de uso intensivo de recursos naturais”, alertou Valle. Desde a última etapa do governo Lula, “vemos um governo desenvolvimentista que vê as condições ambientais como um entrave a ser eliminado”, acrescentou.
Outros retrocessos estão vinculados à “lentidão no saneamento” por uma queda considerável nos investimentos. Apenas 44,5% dos 198 milhões de brasileiros têm serviço de esgoto e, do material coletado, uma proporção muito baixa recebe tratamento, “o que significa que mais de 80% do esgoto deste país vai parar na natureza”. A regularização da propriedade agrária teve, segundo os ecologistas, “o pior desempenho” quanto à distribuição de terras da reforma agrária desde 1985 e também o menor orçamento para executá-la.
Diante da lista do que consideram retrocesso, as organizações exortaram Dilma a cumprir os compromissos ambientais assumidos em sua campanha. “Só uma ação forte desse tipo evitará graves prejuízos para a sociedade brasileira e que o Brasil viva o vexame de ser ao mesmo tempo anfitrião e vilão da Rio+20”, conclui o documento. O Brasil abriga quase 12% da biodiversidade do planeta, com quatro dos biomas mais ricos do mundo, entre eles a Amazônia. Envolverde/IPS
Por Fabiana Frayssinet, da IPS
Fonte: Envolverde

Amazônia está muito próxima de um ponto sem retorno

Amazônia está muito próxima de um ponto de não retorno para sua sobrevivência, devido a uma combinação de fatores que incluem aquecimento globaldesflorestamento e queimadas que minam seu sistema hidrogeológico.
A advertência foi feita por Thomas Lovejoy, atualmente professor da George Mason University, no Estado de Virgínia, EUA, no primeiro dia do simpósio internacional Fapesp Week, em Washington, nesta segunda-feira.
O biólogo Lovejoy, um dos mais importantes especialistas em Amazônia do mundo, começou a trabalhar na floresta brasileira em 1965, “apenas três anos depois da fundação da Fapesp”, lembrou.
Apesar de muita coisa positiva ter acontecido nestes 47 anos (“quando pisei pela primeira vez em Belém, só havia uma floresta nacional e uma área indígena demarcada e quase nenhum cientista brasileiro se interessava em estudar a Amazônia; hoje esse situação está totalmente invertida”), também apareceram no período diversos fatores de preocupação.
Lovejoy acredita que restam cinco anos para inverter as tendências em tempo de evitar problemas de maior gravidade. O aquecimento da temperatura média do planeta já está na casa de 0,8 grau centígrado. Ele acredita que o limite aceitável é de 2 graus centígrados e que ele pode ser alcançado até 2016 se nada for feito para efetivamente reduzi-lo.
O objetivo fixado nas mais recentes reuniões sobre o clima em Cancun e Copenhague de limitar o aumento médio da temperatura média global em 2 graus centígrados pode ser insuficiente, na opinião de Lovejoy, devido a essa conjugação de elementos.
De forma similar, Lovejoy crê que 20% de desflorestamento em relação ao tamanho original da Amazônia é o máximo que ela consegue suportar e o atual índice já é de 17% (em 1965, a taxa era de 3%).
A boa notícia, diz o biólogo, é que há bastante terra abandonada, sem nenhuma perspectiva de utilização econômica na Amazônia e que pode ser de alguma forma reflorestada, o que poderia proporcionar certa margem de segurança.
Em sua palestra, Lovejoy saudou vários cientistas brasileiros como exemplares em excelência em suas pesquisas. Entre outros, Eneas Salati, Carlos Nobre e Carlos Joly.
Fonte: Planeta Sustentável
Advertência foi feita por Thomas Lovejoy, professor da George Mason University e um dos mais importantes especialistas em Amazônia do mundo

10 jeitos de usar casca de ovo

CONFIRA A SEGUIR DEZ DICAS INUSITADAS DESSA MARAVILHA DA NATUREZA!
1. Mosaico diferente
Se você gosta de fazer arte em casa, esmague cascas de ovos – antes lave-as e seque-as no forno – em pedacinhos pequenos e cole-os na tampa de uma caixa de madeira, formando um grande mosaico. Depois, é só colorir tudo com tinta plástica.
2. Decoração de festa
Que tal pintar ovos e recheá-los com confete de chocolate para dar como lembrança de Páscoa, aniversário, chá de bebê…? Fure uma das extremidades da casca com agulha e, com cuidado, abra uma pequena tampa na outra ponta. Assopre pelo buraco menor para que a clara e a gema saiam pela abertura do outro lado. Higienize o interior com água e sabão e seque a casca no forno. Daí é só preencher com os confetes, fechar a abertura com papel de seda e decorar com canetinha colorida, tinta, glitter…
3. Controle de pragasPara impedir que lesmas e lagartas ataquem seus vasos, espalhe cascas de ovos esmagadas na terra, ao redor das plantinhas. O cálcio do invólucro do ovo mudará rapidamente o pH (índice de acidez) do solo, tornando-o menos ácido e afastando os bichinhos. Assim você evita o uso de pesticidas químicos!
4. Café menos ácido
Duas substâncias presentes nos grãos – o ácido clorogênico lactonas e o fenil indane – provocam acidez, que muitas vezes ataca estômagos mais sensíveis. Para neutralizá-la, use o pH alcalino da casca do ovo. Basta colocar uma casca (limpa) no filtro da cafeteira. A bebida não perde o sabor.
5. Abrasivo ecológico
Pense em quantas palhas de aço vão para o lixo diariamente e poluem o planeta. Pois cascas de ovos limpas e esmagadas substituem com eficiência esse produto na hora de limpar panelas e frigideiras. Basta colocar um punhado na esponja já ensaboada.
6. Sementeiras práticas
Se você gosta de ter à mão temperos frescos, experimente usar a casca de ovo como sementeira no seu jardim. Preencha metade de várias cascas com terra, coloque dentro a semente desejada e plante-as. Como as cascas são biodegradáveis (ao contrário dos potes plásticos), a muda fica em contato direto com o solo depois para crescer.
7. Terra superfértil!
A compostagem (decomposição de resíduos orgânicos, como restos de vegetais e legumes crus, que depois são transformados em nutrientes para a terra) é o método mais eficiente para reduzir o lixo doméstico. As cascas de ovos degeneram-se rapidamente numa pilha de compostagem, contribuindo com cálcio e outros minerais valiosos para o solo. Suas plantinhas ficarão mais fortes e bonitas!
8. Moldes para gelatina
Torne mágica a hora da sobremesa. Fure uma das extremidades da casca do ovo com agulha e, cuidadosamente, abra uma pequena abertura na outra ponta. Assopre o buraquinho menor para que a clara e a gema saiam do outro lado. Limpe o interior com água e sabão e seque a casca no forno. Agora preencha-a com o líquido da gelatina e feche o furinho menor com esparadrapo. Coloque o “recipiente” em pé na caixa de ovo e leve à geladeira para a gelatina endurecer. Retire o esparadrapo antes de servir (as crianças devem quebrar o “ovo” na hora de comer).
9. Lâminas afiadas
De tempos em tempos, triture algumas cascas de ovo (lave-as e coloque-as no forno para secar) no liquidificador. O atrito delas com as lâminas deixa o metal afiado. E não jogue fora o pó que se formou – guarde-o num vidro em temperatura ambiente. Rico em cálcio, ele pode ser misturado na farinha de bolos e pães (basta uma pitada) para complementar a necessidade do mineral na alimentação.
10. Alívio para picadas
Se você ou alguém da família passa o verão sofrendo com a alergia causada por picadas de mosquito, tenha sempre à mão esta receitinha natural, que alivia a vermelhidão e a coceira. Lave, seque e esmague a casca de ovo e deixe-a de molho por 2 dias num pequeno frasco de vinagre de maçã. Passe a solução na área afetada três ou mais vezes ao dia. Durante o molho no vinagre, forma-se o sal acetato de cálcio que, ao cristalizar, esquenta a pele trazendo sensação de conforto.
Fonte: Planeta Sustentável

Composta basicamente de cálcio, a “embalagem” desse alimento serve para proteger a parte interna, onde se desenvolve o embrião. Em vez de jogar a casquinha fora depois de preparar o ovo, guarde-a para utilizá-la no jardim, na limpeza, na cozinha e até na decoração

Mancha de óleo de 20 quilômetros é localizada no litoral do Rio de Janeiro

Técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), com apoio do Grupamento Aéreo-Marítimo da Polícia Militar (GAM) localizaram na manhã de hoje (31) uma mancha de óleo a 20 quilômetros (km) da praia de Ponta Negra, no município de Maricá, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo o Inea, a mancha tem cerca de 2 km de extensão e a estimativa é de que tenham sido derramados no mar 1,6 mil litros de óleo.
A presidenta do Inea, Marilene Ramos, solicitou apoio a Petrobras para a cessão de equipamentos especiais para a contenção e a dispersão da mancha, para prevenir qualquer possibilidade de que o óleo atinja as praias da região. O Inea informou também que fará coleta do óleo, com o apoio da Capitania dos Portos, para identificar a origem do material.
A mancha está localizada em uma rota de navegação, o que leva à hipótese de que o óleo tenha vazado de alguma embarcação. O Inea está monitorando o trajeto da mancha, que foi denunciada ao órgão ambiental por pescadores de Cabo Frio, na Região dos Lagos.
Fonte: Agência Brasil

Hora do Planeta: participe você também!

Ambiental Sustentável convida você para participar de uma ação global para o consumo consciente de energia elétrica.
É simples: nesse próximo sábado, dia 31/03, às 20h30, todos os participantes apagarão as luzes e os equipamentos eletrônicos onde estiverem durante 60 minutos.
Esta única horinha, quando todos estão colaborando, faz uma grande diferença. Quem cuida do consumo de energia, além de reduzir a conta de luz, ajuda o planeta!
A produção, distribuição e utilização de energia elétrica geram uma série de impactos negativos no meio ambiente. Quanto mais usamos, mais contribuímos para esses impactos.
Consumindo com consciência, colaboramos também para evitar as mudanças climáticas e o aquecimento global.
A Hora do Planeta é uma ação organizada pela WWF e já conta com a adesão de 60 cidades no Brasil.

O planeta pede o nosso apoio.

Adaptado do Instituto Akatu

30/03/2012

União Europeia terá que proteger 29 espécies de borboletas ameaçadas

Uma organização ambiental da Europa lançou um guia com orientações sobre como preservar espécies de borboletas que vivem no continente e são consideradas  ameaçadas de extinção.
O relatório, que teve destaque na edição desta semana da revista “Nature Conservation”, aponta 29 espécies listadas pela União Europeia.
Os países-membros terão a partir do lançamento do guia a responsabilidade de fornecer informações sobre como proteger os insetos e definir (além de cumprir) metas internacionais de biodiversidade.
O documento detalha informações sobre cada inseto, as exigências para conservar seus habitats e plantas utilizadas pelas borboletas como local para desova e alimentação.
Em declínio
De acordo com o relatório, as borboletas europeias estão sob ameaça constante. Cerca de 10% de todas as espécies correm risco de desaparecer. Indicadores mostram que houve queda de 70% na população de 17 diferentes espécies nos últimos 15 anos.
Entre as principais causas desta diminuição estão a destruição de áreas, transformadas pela agricultura — algumas delas abandonadas posteriormente.
Segundo a publicação, as borboletas são importantes indicadores do meio ambiente, já que respondem rapidamente a possíveis alterações do habitat. A gestão desses insetos garante a sobrevivência de outros seres, que fazem parte da biodiversidade europeia.
Fonte: G1
Foto: Maurício André (www.fotografiasdigitais.com.br)

Mais de 10 mil filhotes de tartarugas são soltos em rio de Mato Grosso

Cerca de 10 mil filhotes de tartarugas foram soltos em praias de água doce na região do Araguaia, através de um projeto de proteção ambiental realizado no nordeste de Mato Grosso. O trabalho de manejo e repovoamento das colônias das espécies é feito na tentativa de evitar o contrabando da carne das tartarugas, utilizada tanto para consumo e também para produção de cosméticos.
O projeto ‘Amigos da natureza’ começou em 2010 e trabalha com a coleta dos ovos das tartarugas
para serem monitorados por pessoas voluntárias autorizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com apoio do governo do estado.
Inicialmente feito na região da cidade de Luciara, a 1.180 quilômetros de Cuiabá, o projeto se estendeu para os municípios de Santa Terezinha, Novo Santo Antônio, São Félix do Araguaia e Porto Alegre do Norte.
Em entrevista do G1, o biólogo e coordenador do projeto, Francisco Assis Ribeiro Sousa, explicou que o trabalho é feito na região do Araguaia que envolve o Rio das Mortes, Rio Tapirapé e Rio Araguaia. “Coletamos os ovos antes do período da desova e fazemos a transferência deles. Fazemos um monitoramento das áreas até o nascimento para que consigam [tartarugas] sobreviver longe dos predadores e caçadores”, explicou.
A última soltura ocorreu no começo deste mês com 10 mil tartaruguinhas devolvidas às praias do Rio Araguaia, no município de Santa Terezinha, a 1.329 quilômetros da capital do estado.
Contrabando
Ainda segundo Assis, as espécies protegidas são a Tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa) e a Tracajá (Podocnemis unifilis). Além do manejo dos filhotes, o projeto ainda prevê ações de conscientização de pescadores e ribeirinhos para ajudarem na preservação das tartarugas.
“Existe o contrabando da carne de tartaruga para outras regiões do Brasil. As pessoas vem pra cá, se instalam em pousadas e capturam as tartarugas. Elas retiram a gordura do animal e transforma em linguiça para poder contrabandear para as outras regiões do país”, eressaltou o biólogo.
A carne retirada das tartarugas é rica em proteína, apreciada por pessoas que consideram um prato saboroso. O segundo problema é o contrabando da gordura das tartarugas, utilizada para uso em cosmético e fins medicinais. Culturalmente, populações ribeirinhas e indígenas consumiam a carne. Em época de desova, milhares de ovos são esmagados e deixados ao sol, dentro de canoas para poder extrair a gordura.
“Se não tiver um trabalho para salvar a espécie e conscientização das populações ribeirinhas as tartarugas não vão sobreviver”, enfatizou Assis, que espera realizar a soltura de 20 mil filhotes ainda neste ano.
O índice de natalidade das tartarugas, de forma natural, é de 99% com sobrevivência que gira em torno de 2 a 4%. Com o projeto, o índice de sobrevivência é de 60% em média. No mesmo projeto as equipes voluntárias fazem treinamento e capacitação de pescadores para a piscicultura da espécie pirarucu, em épocas de seca nos rios de Mato Grosso.
Fonte: G1
Projeto é feito na tentativa de evitar o contrabando da carne das tartarugas (Foto: Assessoria /Sedraf-MT)

Um mundo de petróleo cada vez mais difícil

Os preços do petróleo agora estão mais altos do que alguma vez estiveram – exceto nuns poucos momentos frenéticos antes do colapso econômico global de 2008. Muitos fatores imediatos contribuem para esta alta, incluindo ameaças do Irã de bloquear o trânsito de petróleo no Golfo Pérsico, temores de uma nova guerra no Oriente Médio e perturbações na Nigéria, rica em petróleo. Algumas destas pressões podem diminuir nos meses pela frente, proporcionando alívio temporário na bomba de gasolina. Mas a causa principal dos preços mais elevados – uma mudança fundamental na estrutura da indústria petrolífera – não pode ser revertida e, assim, os preços do petróleo estão destinados a permaneceram altos por um longo tempo daqui para a frente.
Em termos de energia, estamos agora entrando num mundo cuja natureza implacável ainda tem de ser plenamente apreendida. Esta mutação essencial foi provocada pelo desaparecimento do petróleo relativamente acessível e barato – o “petróleo fácil”, na linguagem dos analistas da indústria. Noutras palavras, a espécie de petróleo que impulsionou uma expansão vertiginosa da riqueza global ao longo dos últimos 65 anos, bem como a criação de infindáveis comunidades suburbanas orientadas para o carro. Este petróleo está agora quase acabado.
O mundo ainda dispõe de grandes reservas de petróleo, mas estas são difíceis de alcançar, difíceis de refinar, a variedade “petróleo árduo”. A partir de agora, todo barril que consumirmos será mais custoso para extrair, mais custoso para refinar – e, assim, mais caro na bomba de gasolina.
Aqueles que afirmam que o mundo permanece “inundado” de petróleo estão tecnicamente corretos: o planeta ainda dispõe de vastas reservas. Mas os propagandistas da indústria petrolífera geralmente deixam de enfatizar que nem todos os reservatórios de petróleo são semelhantes: alguns estão localizados próximos à superfície ou próximos à costa e estão contidos em rocha porosa; outros estão localizados no subsolo profundo, no offshore distante, ou presos em formações rochosas inflexíveis. Os sítios anteriores são relativamente fáceis de explorar e proporcionam um combustível líquido que pode ser prontamente refinado em líquidos utilizáveis; os segundos só podem ser explorados com técnicas custosas, ambientalmente arriscadas e muitas vezes resultam num produto que deve ser fortemente processado antes que a refinação possa sequer começar.
A simples verdade sobre o assunto é esta: a maior parte das reservas fáceis do mundo já foram esgotadas – exceto aquelas em países espinhosos como o Iraque. Virtualmente todo o petróleo que resta está contido em reservas mais difíceis de serem atingidas. Isto inclui o petróleo do offshore profundo, o petróleo do Ártico e o petróleo de xisto, juntamente com as “areias betuminosas” do Canadá – as quais não são compostas de petróleo de modo algum, mas sim de lama, areia e alcatrão semelhante a betume. As chamadas reservas não convencionais destes tipos podem ser exploradas, mas muitas vezes a um preço desconcertante, não apenas em dólares mas também em danos para o ambiente.
No negócio do petróleo, esta realidade foi reconhecida primeiramente pelo presidente e CEO da Chevron, David O’Reilly, numa carta de 2005 publicada em muitos jornais norte-americanos. “Uma coisa é clara”, escreveu ele, “a era do petróleo fácil está acabada”. Não só muitos dos campos existentes estavam em declínio, observou ele, como “novas descobertas de energia estão a ocorrer principalmente em lugares onde os recursos são difíceis de extrair, fisicamente, economicamente e mesmo politicamente”.
Nova prova desta mutação foi proporcionada pela Agência Internacional de Energia (IEA), numa revisão de 2010 das perspectivas do petróleo mundial. Na preparação deste relatório, a agência examinou os rendimentos históricos dos maiores campos produtores do mundo – o “petróleo fácil” sobre o qual o mundo ainda repousa para o grosso da sua energia de forma esmagadora. Os resultados foram espantosos: esperava-se que aqueles campos perdessem três quartos da sua capacidade produtiva ao longo dos 25 anos seguintes, eliminando 52 milhões de barris de petróleo por dia da oferta mundial, ou cerca de 75% da atual produção mundial. As implicações eram estarrecedoras: ou descobrir petróleo novo para substituir aqueles 52 milhões de barris/dia, ou a era do petróleo chegará logo a um fim e a economia mundial entraria em colapso.
Naturalmente, como a IEA tornou claro em 2010, haverá novo petróleo, mas só da variedade difícil que exigirá um preço de todos nós – e do planeta, também. Para apreender as implicações da nossa crescente dependência do petróleo difícil, vale a pena dar uma olhadela em alguns dos mais apavorantes pontos sobre a Terra. Assim, apertem os vossos cintos de segurança: primeiro estamos a ir para o mar para examinar o “promissor” novo mundo do petróleo do Século 21.
Petróleo de águas profundas
As companhias de petróleo têm estado a perfurar em áreas offshore desde há algum tempo, especialmente no Golfo do México e no Mar Cáspio. Até recentemente, contudo, tais esforços verificavam-se invariavelmente em águas relativamente rasas – umas poucas centenas de metros, na maior parte – o que permitia às companhias utilizarem perfuradores convencionais montados sobre colunas extensas. A perfuração em águas profundas, em profundidades que ultrapassam os 300 metros, é um assunto inteiramente diferente. Ela requer plataformas de perfuração especializadas, refinadas e imensamente caras, que podem custar milhares de milhões de dólares para produzir.
A Deepwater Horizon, destruída no Golfo do México em abril de 2010 devido a uma explosão catastrófica, é bastante típica deste fenômeno. O vaso foi construído em 2001 por uns US$ 500 milhões e custa cerca de US$ 1 milhão por dia para conservar e manter. Parcialmente devido a estes altos custos, a BP estava com pressa de acabar o trabalho do seu malfadado furo Macondo e mover a Deepwater Horizon para outro local de perfuração. Tais considerações financeiras, acreditam muitos analistas, explicam a pressa com a qual a tripulação do vaso selou o furo – levando a uma fuga de gases explosivos dentro do poço e a explosão resultante. A BP agora terá de pagar algo para além de US$ 30 bilhões para atender todas as reclamações pelo dano feito com a sua fuga de petróleo maciça.
A seguir ao desastre, a administração Obama impôs uma proibição temporária à perfuração no offshore profundo. Mal se passaram dois anos, a perfuração nas águas profundas do Golfo está outra vez em níveis de pré-desastre. O presidente Obama também assinou um acordo com o México que permitia perfurar na parte mais profunda do Golfo, ao longo da fronteira marítima norte-americana-mexicana.
Enquanto isso, a perfuração em águas profundas está a ganhar velocidade alhures. O Brasil, por exemplo, movimenta-se para explorar seus campos “pré-sal” (assim chamados porque jazem abaixo de uma camada de sal), nas águas do Oceano Atlântico, muito longe da costa do Rio de Janeiro. Novos campos offshore estão analogamente a ser desenvolvidos nas águas profundas de Gana, Serra Leoa e Libéria.
Em 2020, diz o analista de energia John Westwood, estes campos de águas profundas fornecerão 10% do petróleo mundial, quando eram apenas 1% em 1995. Mas este acréscimo de produção não sairá barato: a maior parte destes novos campos custará dezenas ou centenas de milhares de milhões de dólares para desenvolver e só se demonstrará lucrativo desde que o petróleo continue a ser vendido por US$ 90 ou mais por barril.
Os campos offshore do Brasil, considerados por alguns peritos como as mais prometedoras novas descobertas deste século, demonstrar-se-ão especialmente caros porque jazem sob 2,4 mil metros de água e quatro mil metros de areia, rocha e sal. Serão necessários os mais avançados e custosos equipamentos de perfuração do mundo – alguns deles ainda a serem desenvolvidos. A Petrobras, a empresa de energia controlada pelo Estado, já comprometeu US$ 53 bilhões para o projeto no período 2011-2015, e a maior parte do analistas acredita que isto será apenas um modesto pagamento inicial de um estarrecedor preço final.
Petróleo ártico
Espera-se que o Ártico proporcione uma fatia significativa da futura oferta mundial. Até recentemente, a produção no extremo Norte foi muito limitada. Exceto na área de Prudhoe Bay, no Alasca, e num certo número de campos na Sibéria, as grandes companhias têm geralmente evitado a região. Mas agora, ao verem poucas outras opções, elas estão a preparar-se para grandes investidas num Ártico em fusão.
De qualquer perspectiva, o Ártico é o último lugar para se querer ir a fim de furar por petróleo. As tempestades são frequentes e as temperaturas no inverno mergulham muito abaixo do ponto de congelamento. A maior parte do equipamento comum não operará sob estas condições. São necessários substitutivos especializados (e custosos). As equipes de trabalho não podem viver na região por muito tempo. A maior parte dos abastecimentos – comida, combustível, materiais de construção – devem ser trazidos de milhares de quilômetros a um custo fenomenal.
Mas o Ártico tem os seus atrativos: milhares de milhões de barris de petróleo inexplorado. Segundo o U.S. Geological Survey (USGS), a área Norte do Círculo Ártico, com apenas 6% da superfície do planeta, contém uma estimativa de 13% do seu petróleo remanescente (e ainda maior fatia do seu gás natural não desenvolvido) – números com que nenhuma outra região pode competir.
Sobrando poucos lugares para ir, as grandes empresas de energia agora estão a preparar-se para uma corrida a fim de explorar as riquezas do Ártico. Neste verão, espera-se que a Royal Dutch Shell comece furos de teste em porções dos Mares Beauforte Chukchi, ao Norte do Alasca (a administração Obama ainda deve conceder as autorizações finais de operação para estas atividades, mas espera-se a aprovação). Ao mesmo tempo, a Statoil e outras firmas planejam perfurar no Mar de Barents, ao Norte da Noruega.
Com estes cenários energéticos extremos, o aumento da produção no Ártico impulsionará significativamente os custos operacionais das companhias de petróleo. A Shell, por exemplo, já gastou US$ 4 bilhões só nos preparativos para furos de teste no offshore do Alasca, sem produzir um único barril de petróleo. O desenvolvimento em plena escala nesta região ecologicamente frágil, tenazmente contrariado por ambientalistas e povos nativos locais, multiplicará este número muitas vezes mais.
Areias betuminosas e petróleo pesado
Espera-se que outra fatia significativa do futuro abastecimento mundial de petróleo venha das areias betuminosas do Canadá (também chamadas areias petrolíferas) e do petróleo superpesado da Venezuela. Nada disto é petróleo tal como é normalmente entendido. Não sendo líquidos nos seu estado natural, eles não podem ser extraídos pelos materiais de furação tradicionais, mas existem em grande abundância. Segundo o USGS, as areias betuminosas do Canadá contêm o equivalente a 1,7 trilhão de barris de petróleo convencional (líquido), ao passo que os depósitos de petróleo pesado da Venezuela dizem abrigar outro milhão de milhões de petróleo equivalente – embora nem tudo seja considerado “recuperável” com a tecnologia existente.
Aqueles que afirmam que a era do petróleo está longe de estar ultrapassada apontam estas reservas como prova de que o mundo ainda pode extrair imensas quantidades de combustíveis fósseis inexplorados. E certamente é concebível que, com a aplicação de tecnologias avançadas e uma indiferença total para com as consequências ambientais, estes recursos na verdade serão colhidos. Mas não é petróleo fácil.
Até agora, as areias betuminosas do Canadá foram exploradas por um processo análogo à mineração a céu aberto, utilizando pás monstruosas para arrancar uma mistura de areia e betume do solo. Mas a maior parte do betume próximo à superfície nas areias betuminosas ricas da província de Alberta foram exauridas, o que significa que toda extração futura exigirá um processo muito mais complexo e custoso. Terá de ser injetado vapor nas concentrações mais profundas para fundir o betume e permitir a sua recuperação por meio de bombas maciças. Isto exige um investimento colossal em infraestrutura e energia, bem como a construção de instalações de tratamento para todos os resíduos tóxicos resultantes. Segundo o Canadian Energy Research Institute, o pleno desenvolvimento das areias petrolíferas de Alberta exigiria um investimento mínimo de US$ 218 bilhões ao longo dos próximos 25 anos, não incluindo o custo de construir oleodutos para os Estados Unidos (tal como o proposto Keystone XL) para processamento em refinarias norte-americanas.
O desenvolvimento do petróleo pesado da Venezuela exigirá investimento numa escala comparável. Acredita-se que o cinturão do Orenoco, uma concentração especialmente densa de petróleo pesado adjacente ao Rio Orenoco, contenha reservas recuperáveis de 513 bilhões de barris de petróleo – talvez a maior fonte de petróleo inexplorado do planeta. Mas, converter esta forma de betume semelhante a melaço num combustível líquido, excede em muito a capacidade técnica ou os recursos financeiros da companhia estatal, Petróleos de Venezuela S/A. Consequentemente, ela está agora à procura de parceiros estrangeiros dispostos a investir os US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões necessários apenas para construir as instalações.
Os custos ocultos
Reservas difíceis como esta proporcionarão a maior parte do novo petróleo do mundo nos próximos anos. Uma coisa é clara: mesmo se puderem substituir o petróleo fácil nas nossas vidas, o custo de tudo o que está relacionado com petróleo – seja a gasolina na bomba, produtos com base no petróleo, fertilizantes, tudo por toda a parte das nossas vidas – está em vias de ascender. Habitue-se a isto. Se as coisas decorrerem como se planeja atualmente, estaremos pendurados no big oil nas próximas décadas.
E estes são apenas os custos mais óbvios numa situação em que abundam custos ocultos, especialmente para o ambiente. Tal como no desastre da Deepwater Horizon, a extração em áreas do offshore profundo e em outras localizações geográficas extremas garantirá riscos ambientais sempre maiores. Afinal de contas, aproximadamente 22 milhões de litros de petróleo foram despejados no Golfo do México, graças à negligência da BP, provocando danos extensos a animais marinhos e ao habitat costeiro.
Recordar que, por mais catastrófico que fosse, ele ocorreu no Golfo do México, onde podiam ser mobilizadas forças amplas para a limpeza e a capacidade de recuperação do ecossistema era relativamente robusta. O Ártico e a Groenlândia representam um risco diferente, dado a sua distância das capacidades de recuperação estabelecidas e a extrema vulnerabilidade dos seus ecossistemas. Os esforços para restaurar tais áreas na sequência de fugas de petróleo maciças custariam muitas vezes os US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões que a BP pretende pagar pelo danos da Deepwater Horizon e serão muito menos eficazes.
Além de tudo isto, muitos dos campos de petróleo difícil mais promissores estão na Rússia, na bacia do Mar Cáspio, e em áreas conflituosas da África. Para operar nestas áreas, companhias de petróleo serão confrontadas não só com os custos previsivelmente altos da extração, como também com custos adicionais envolvendo sistemas locais de suborno e extorsão, sabotagem por grupos de guerrilha e as consequências de conflitos civis.
E não esquecer o custo final: se todos estes barris de petróleo e substâncias afins do petróleo forem realmente produzidos a partir dos menos convidativos lugares neste planeta, então nas próximas décadas continuaremos a queimar combustíveis fósseis maciçamente, criando sempre mais gases de efeito estufa como se não houvesse amanhã. E aqui está a triste verdade: se prosseguirmos no caminho do petróleo difícil, ao invés de investirmos maciçamente em energias alternativas, podemos excluir qualquer esperança de impedir as mais catastróficas consequências de um planeta mais quente e mais turbulento.
De modo que, sim, há petróleo não convencional. Mas não, ele não será mais barato, não importa quanto haja. E, sim, as companhias de petróleo podem obtê-lo, mas, olhando realisticamente, quem o desejaria?
Autor: Michael T. Klare - autor de The Race for What’s Left: The Global Scramble for the World’s Last Resources(Metropolitan Books).
** Publicado originalmente no site Revista Fórum.
Fonte: Envolverde

Água, o futuro e dois tipos de esperança

Dia 22 de março foi o Dia Mundial da Água, criado pela ONU para que o mundo tome consciência e faça algo para evitar um grande desastre que poderá cair sobre a humanidade com a escassez de água potável no mundo.
Todos, ou quase todos, já viram ou ouviram falar do que pode acontecer se continuarmos desperdiçando um bem tão vital como água potável. Mas, parece que apenas um número relativamente pequeno está levando este problema a sério. Por que será isso?
Muitos dos que estão engajados na campanha pela preservação de recursos naturais escassos, como água, parecem pressupor que as pessoas não se “conscientizaram” só porque ainda não conhecem suficientemente o problema. Assim, a contramedida seria falar mais, “conscientizar” mais. É claro que há muitos que ainda não conhecem esse problema, mas eu suspeito que haja outros fatores que levam pessoas que já conhecem, já tomaram consciência do problema da água, a viverem como se nada de grave fosse acontecer no futuro.
Deixe-me dar um exemplo do cotidiano para explicar melhor o que quero dizer. Quando algum conhecido nosso enfrenta um problema grave de saúde, nós costumamos encorajá-lo dizendo que “tudo vai ficar bem”. E isto é importante porque sem esperança a pessoa não encontra força para lutar contra a enfermidade ou para enfrentar os efeitos colaterais do tratamento. Essa expressão, “tudo vai ficar bem”, revela uma confiança de que há um ser superior dirigindo as nossas vidas. E, se ao final, a pessoa morre, dizemos aos seus entes queridos que ela foi para um lugar melhor. Isto é, “tudo vai ficar bem”, mesmo após a morte.
Esse tipo de “esperança” aparece também em algumas visões sobre a história da humanidade e do universo/criação. Há grupos – alguns ligados à ecoespiritualidade – que dizem que há um Deus bom e providencial guiando todo o universo. Todo o universo estaria prenhe do Espírito divino. E por isso a história da humanidade e de todo o universo caminha para um ponto de plenitude, e o bem vencerá o mal. É uma visão ampliada do “tudo vai ficar bem”.
Se “tudo vai acabar bem”, por que deveríamos levar a sério a ameaça de um futuro sombrio para a humanidade por conta do desperdício da água potável? Quem compartilha dessa esperança “sabe” que Deus dará um jeito para resolver o problema no futuro. A esperança por detrás do “tudo vai acabar bem” é um tipo de esperança que pode conduzir a uma catástrofe. É um tipo de esperança que H. Hannoun chamou de “esperança expectante”, que apenas espera.
Há, especialmente entre cristãos mais fundamentalistas, um outro tipo de esperança que leva as pessoas a não fazer nada diante do desafio. É a esperança “apocalíptica” fundamentalista de que o mundo só terá jeito após a volta de Jesus, e esta volta será precedida por grandes catástrofes. Neste sentido, a crise da água potável seria um sinal positivo, pois apressaria a volta de Jesus.
As pessoas e os povos só atuarão de verdade e efetivamente se levarem a sério a ameaça que enfrentamos. E para levar a sério este desafio, devemos abandonar as concepções “teológicas” de histórias dirigidas ou guiadas por deuses, espíritos ou por algum tipo de “lei da história”. Precisamos assumir, intelectual e existencialmente, que o futuro está aberto diante de nós. Mas não nos engajamos nas lutas difíceis só porque descobrimos problemas graves. É preciso de uma força espiritual que nasce da esperança! Esperança essa que não seja somente “expectante”, mas que leve a uma ação. Uma esperança que nasce de uma fé de que o mundo e o futuro podem ser melhores; uma esperança que nos convoca para ação.
* Jung Mo Sung é diretor da Faculdade de Humanidades e Direito da Universidade Metodista de São Paulo e autor, com Hugo Assmann, do livro Deus em nós: o reinado que acontece no amor solidário aos pobres, Paulus.
** Publicado originalmente no site Adital.
Autor: Jung Mo Sung
Fonte: Adital
Disponível em: Envolverde

28/03/2012

Brasileiros desconhecem a Rio+20. Por quê?

A quatro meses da sua realização, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável ainda não é conhecida pelos brasileiros.
Uma pesquisa realizada neste início de ano por uma parceria entre a empresa Market Analysis e a ONG Vitae Civilis mostrou que apenas 11,5% dos brasileiros têm alguma informação a respeito da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
A pesquisa foi realizada por telefone, em nove capitais, com 806 pessoas de 18 a 69 anos de idade, de várias regiões do Brasil. Dos entrevistados, 4% pertencem à classe A, 29% à B, 49% à C e 18% às classes D e E. Entre todos os entrevistados, apenas 4,4% ouviram “muito” sobre a Rio+20, enquanto 7,1% disseram ter ouvido “alguma coisa”.
Dos 11,5% que conhecem a Rio+20, 73% se interessam pelos assuntos relacionados ao evento. Os mais mencionados foram desenvolvimento sustentável, economia verde, combate à violência, combate ao tráfico de drogas, Copa de 2014, erradicação da pobreza, meio ambiente (geral) e combate à poluição.
O Rio de Janeiro, onde será realizada a Conferência, é a cidade do país em que a população tem mais conhecimento a respeito: 24%.
Por que tão pouca gente está interessada na Rio+20?
Na minha opinião, ainda não está claro para as pessoas e para as empresas os impactos que as decisões da Conferência terão sobre o cotidiano dos negócios e da vida. As discussões ocorridas até agora, entre os diversos eventos preparatórios da Rio+20, estão focadas nas negociações e não buscam esclarecer a sociedade sobre as mudanças que o evento poderá acarretar ao mercado e à vida das pessoas. A mídia também precisa participar desse esforço, provocando os órgãos e entidades envolvidos a dar esses esclarecimentos para, com isso, aumentar o interesse da população e, em consequência, a relevância da Conferência para faixas maiores de pessoas.
Se a Rio+20 aprovar a orientação já estabelecida em seu “rascunho zero” oficial (documento que está orientando as discussões da Conferência), de “eliminar gradualmente subsídios que exerçam efeitos consideravelmente negativos sobre o meio ambiente”, as políticas econômicas dos países teriam de ser totalmente reformuladas. No caso brasileiro, por exemplo, o governo não poderia reduzir o IPI dos carros e da linha branca sem exigir contrapartidas que promovessem, por exemplo, a diminuição da “pegada de carbono” (total das emissões) na cadeia produtiva automotiva e de eletrodomésticos, veículos movidos a combustíveis menos poluentes e geladeiras que consumissem menos energia elétrica.
Enfim, para reduzir determinado imposto ou estabelecer um novo, o governo brasileiro teria de levar em conta os critérios decididos na Rio+20, diferenciando produtos poluentes de não poluentes. E a indústria, para se beneficiar de isenções e outros incentivos fiscais, precisaria investir numa produção mais verde. O cidadão teria à disposição, por exemplo, carros menos poluentes e geladeiras mais eficientes em consumo de energia, a preços menores.
Outro tema que mexe com as empresas e os cidadãos é a política de compras dos governos. Suponhamos que a Rio+20 aprove uma orientação para que os governos do mundo adotem medidas de apoio ao uso de energia solar. O governo brasileiro precisaria, por exemplo, nos programas habitacionais, priorizar a compra de chuveiros com células. Este fato animaria o crescimento de uma cadeia de valor voltada para a fabricação de componentes para chuveiros aquecidos por energia solar, um segmento que já existe e tem potencial para se desenvolver e gerar muitos empregos.
Agora, se a Rio+20 resolvesse se apresentar como a saída para a crise financeira que afeta o mundo atualmente, então, poderíamos imaginar uma transformação geral nos negócios e no nosso modo de vida.
A crise financeira é, na verdade, um dos aspectos mais cruéis da insustentabilidade do modelo de civilização que temos. Ela aumenta a cada nova onda e vai levando consigo a confiança no mercado e nas instituições democráticas, os valores que norteiam as relações sociais e os recursos materiais e naturais das sociedades e do planeta. Cada onda gera mais desigualdade e pobreza, deprecia outros patrimônios e superestima a acumulação financeira.
É preciso superar esses impasses e nós, batalhadores do desenvolvimento sustentável, acreditamos que a maneira de fazê-lo é adotando um modelo que fortaleça o capital natural, o capital social e o investimento produtivo focado na erradicação da pobreza e no equilíbrio ambiental. Pesquisas da própria ONU e de empresas de auditoria já demonstraram que não se trata de utopia juntar crescimento econômico, justiça social e equilíbrio ambiental.
O que falta para a Rio+20 ser conhecida pelos brasileiros é mostrar que seus temas têm a ver com a vida cotidiana dos cidadãos e com os negócios agregados aos hábitos de consumo das pessoas. Não é tão complicado, mas é preciso vontade política para fazê-lo.
* Publicado originalmente no site Instituto Ethos.
Fonte: Cristovam.org.br

A água que você usa por dia: 7 887 litros

Esqueça os 2 litros que você deve beber diariamente. A nossa real necessidade de água é (milhares de vezes) maior
Obs.: segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada pessoa necessita de 110 litros de água por dia para atender às necessidades básicas de consumo e higiene.
Obs.: segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada pessoa necessita de 110 litros de água por dia para atender às necessidades básicas de consumo e higiene.
Fontes: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp); Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO); Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (Snis), do Ministério das Cidades; Plano Nacional de Recursos Hídricos, da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente; Waterwise, Waterneutral e Water Footprint Network (WFN). Ícones Samuel Rodrigues
Autores: André Bernardo, Karin Hueck e Jorge Oliveira – Superinteressante
Fonte: Planeta Sustentável

Labirintos de lixo, em exposição nos parques de SP

Uma criação artística diferente anda chamando a atenção dos visitantes dos parques Villa Lobos eEcológico do Tietê, localizados na cidade de São Paulo. Trata-se da intervenção urbana Labirinto, criada pelo artista Eduardo Srur*.
Montado, apenas, com resíduos recicláveis – como garrafas PET, plástico, alumínio e embalagens longa vida –, o labirinto possui 300 m² e convida os visitantes dos parques públicos a desbravá-lo, enquanto refletem a respeito da importância de encontrarmos uma saída para a produção exagerada de lixo no Brasil e no mundo.
Cerca de 30 toneladas de material reciclável foram utilizadas por Srur na confecção dos labirintos. Os resíduos foram todos coletados por cooperativas de reciclagem que atuam no Estado de São Paulo.
As intervenções urbanas ficarão em exposição nos parques Villa Lobos e Ecológico do Tietê até 24/03 e 10/04, respectivamente, comissionadas pelo programa Cultura Livre SP, da Secretaria de Estado de Cultura do Estado.
Autora: Débora Spitzcovsky
Fonte: Planeta Sustentável
Criados pelo artista Eduardo Srur, labirintos de lixo estão em exposição em dois parques públicos da cidade de São Paulo para incentivar a população a pensar a respeito da necessidade de encontrarmos uma saída para a produção exagerada de resíduos