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29/05/2012

Fornos clandestinos queimam madeira da Amazônia


A rota PA-150, em Goianésia, no Pará, é uma das mais usadas para o transporte de carvão ilegal, que costuma ser usado na queima do ferro de porco –um dos principais componentes na fabricação do aço.
Segundo uma investigação feita pelo grupo ambientalista Greenpeace, fornos irregulares produzem o carvão com madeira da floresta amazônica.
O ferro de porco, indica o Greenpeace, é muito procurado pelo setor industrial, como a de automóveis nos Estados Unidos.
Fonte: Folha.com
Fornos clandestinos queimam madeira da Amazônia
Fornos clandestinos queimam madeira da Amazônia

Borboleta rara se beneficia do aquecimento global e se multiplica


POR GABRIELA CAMPÊLO – 26 DE MAIO DE 2012
PUBLICADO EM: AQUECIMENTO GLOBAL, MEIO AMBIENTE, NOTÍCIAS
As mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global já causam impacto em uma espécie de borboleta, que era considerada rara até os anos 1980. E esse impacto, para ela, é positivo. A conclusão é de um estudo publicado na edição desta sexta-feira (25) da revisa “Science”.

Marrom e com pintas laranjas, a borboleta da espécie “argo marrom” (Aricia agestis) está procurando novos locais para viver, por causa dos verões mais quentes no Reino Unido. Segundo os pesquisadores, ela está indo cada vez mais para o Norte em busca de climas mais frescos (no Hemisfério Norte, quanto mais pra cima, mais frio).

Nessa região, a flor gerânio é bem comum e é exatamente essa planta que as lagartas da espécie usam para se alimentar. Com mais alimento disponível, a argo marrom passa agora por um verdadeiro “baby boom”.

De acordo com os pesquisadores da Universidade de York, a espécie já avançou 79 quilômetros nos últimos 20 anos e atualmente é encontrada com facilidade no interior do país.
“Haverá vencedores e perdedores da mudança climática. É importante que comecemos a entender como essas complexas interações entre espécies afetam suas habilidades de se adaptar às mudanças para que possamos identificar as que podem estar sob risco e onde devemos focar os esforços de conservação”, disse uma das co-autoras do trabalho, Jane York.

Fonte: G1


Borboleta argos marrom antes rara, agora se beneficia do aquecimento global (Foto: Science/AAAS)

Rio+20: ecologia rima com tecnologia


O título revela uma aparente contradição. De fato, não poucos defensores da causa de preservação do meio ambiente responsabilizam, entre outros fatores, os avanços tecnológicos pelos estragos à natureza. É o mesmo que responsabilizar uma faca por um assassinato ou um automóvel por um acidente com morte. Por trás da faca e do volante do carro existe a mão, o coração e a cabeça de um ser humano. Em ambos os casos, estão envolvidos na ação a inteligência, as emoções e os gestos de alguém.
A tecnologia é o conhecimento traduzido em instrumentos capazes de ações inovadoras. A ciência associada à técnica. Os artefatos e máquinas são como que a extensão dos braços humanos. A inteligência, mãe de novos inventos, os multiplica às dezenas, centenas e milhares. Com tais braços mecânicos, multiplica igualmente a capacidade produtiva. A Revolução Industrial (1870-1950), hoje incrementada com a revolução da informática, telecomunicações e transportes, representa a expressão máxima desse casamento entre a razão e a tecnologia aplicada. Em todos os domínios da sociedade, a produtividade por pessoa, nos últimos dois séculos e meio, deu saltos vertiginosos e jamais imaginados. Duzentos e cinquenta anos que, em termos de avanços macro-históricos, se equiparam a milênios.
Onde está, então, o problema da faca e do carro assassinos? Onde está o problema da tecnologia devastadora frente à natureza? A resposta é bem simples: no modelo político e econômico adotado. Ocorre que a Revolução Industrial amadurece e se consolida juntamente com o sistema capitalista de produção: capitalismo mercantil, depois industrial e hoje predominantemente financeiro. Este, de ideologia liberal, tem como força motriz o lucro e a acumulação de capital, num mercado de empreendedores livres, em que o Estado interfere o menos possível. Assim, não importa o que se produz, como se produz e para quem se produz! O que importa é que o círculo da produção-comercialização-consumo se reproduza rapidamente e ao infinito, elevando assim a taxa de rendimento. Quanto mais vezes se fizer circular uma determinada quantidade de capital e quanto mais capital em circulação, maior os ganhos líquidos. Iniciado o processo, a roda não pode parar. É movida a partir de sua lógica interna, férrea e crescente. A avassaladora “máquina de produzir” escapou ao controle da razão que a pôs em movimento.
A chamada “mão invisível” que teoricamente deveria regular a oferta e a demanda e, em tese, equilibrar a produção necessária ao necessário consumo, costuma ser cega e surda. Não vê necessidades nem ouve clamores, mas funciona de acordo com a lógica cumulativa do crescimento do capital investido. Cega e surda como é, acaba produzindo não o que a população mais necessita, e sim o que rende mais ganhos em menor tempo. Tampouco presta atenção à maneira de produzir. É imperativo obter o maior potencial de rendimento tanto dos recursos naturais quanto da mão de obra. Menos ainda pergunta a quem se destina este ou aquele produto. Importa apenas que ele seja consumido rapidamente para repor o capital em circulação.
Numa palavra, o sistema capitalista de produção, movido pela lógica liberal do “laissez faire”, não fabrica sapatos, não planta milho, não investe em educação. É capital que produz mais capital. Se os negócios com sapatos, milho e educação se tornam rentáveis em um determinado momento ou em determinadas circunstâncias, pode até fazê-lo. Porém, poderá migrar logo para outro tipo de produção, não de acordo com as necessidades básicas da sociedade, mas em correspondência à capacidade de maximizar lucros. Ou seja, no conceito de K. Marx, o sistema não produz bens de consumo e sim bens de troca – mercadorias! Estas não respondem necessariamente à demanda social, mas à taxa de retorno. Um exemplo: mesmo em tempos de fome e miséria, se os bens de luxo para as classes dominantes são mais rentáveis que a produção de alimentos, a lógica voraz do capital optará pelos primeiros, não pelo desejo de abrandar o sofrimento da população. Pior ainda quando ciência e tecnologia se aliam para a produção de armas e guerras, essas imensas e trágicas máquinas de matar.
Ainda mais duas outras contradições. Primeiramente, o mercado livre só o é no tempo de vacas gordas. Quando a crise bate à porta, os empresários e donos do capital não hesitam em solicitar o socorro do Estado. Este corre a salvar bancos e o sistema financeiro como um todo, muitas vezes em detrimento de políticas sociais em prol da população de baixa renda. Isso explica o lucro estratosférico dos bancos em tempos de vacas magras, bem como a precariedade crescente dos serviços públicos. A segunda contradição é que o mercado livre aprofunda o fosso entre ricos e pobres. Desencadeia uma competição entre forças desiguais. De um lado estão as classes dominantes, senhoras absolutas da riqueza, das máquinas e das leis; do outro, os trabalhadores com a força de trabalho. Luta de tubarões e sardinhas dentro do mesmo tanque. O jogo aberto entre forças desiguais tende a fortalecer o poderoso e enfraquecer o indefeso. Resulta que mercado nervoso e de mau humor mexe com os indicadores econômicos (cotação do dólar, bolsa de valores, taxa de câmbio, etc.), mas as consequências mais graves sobram para quem vive pendurado no comportamento dos indicadores sociais: situação da saúde pública, da educação, dos transportes coletivos, da política de habitação, etc. E aqui quem sofre são as camadas que formam a base da pirâmide social.
Repetindo, a questão de o que, como e para quem produzir obedece não às carências facilmente identificáveis, mas à potencialidade de multiplicar o capital investido. Semelhante lógica, evidentemente, entra em rota de colisão com o ritmo da natureza, do ser humano e a saúde de ambos. A exploração de uma e de outro entra como um dente, um simples detalhe, na engrenagem da gigantesca máquina de produção. O sistema capitalista consome recursos naturais e energia humana com a mesma voracidade com que é impelido a um crescimento sem trégua. Por isso é que, diante de qualquer crise econômica, o remédio oficial, das empresas ou do governo, é inevitavelmente produzir mais, vender mais, consumir mais. Remédio que, a médio e longo prazo, acaba por agravar o estado do doente e levá-lo à morte. Disso resulta a extinção de numerosas formas de vida animal e vegetal, bem como a deterioração da vida humana. Frente às novas catástrofes “naturais”, agravadas ou provocadas pela ação do modelo econômico que agride o planeta e a pessoa humana, a biodiversidade como um todo está em jogo. Cada espécie de vida que desaparece contribui negativamente para qualidade da vida humana. Vida e melhor qualidade de vida representam hoje o grito da terra!
A tecnologia, entretanto, pode e deve ser utilizada em outra direção, sob rígidos critérios éticos e responsabilidade política. A faca e o carro que matam, são os mesmos que cortam a fruta ou facilitam o deslocamento. Não podemos confundir o “outro mundo possível” com um retorno ao passado em termos recusar as inovações tecnológicas. As alternativas ao modelo em vigência não são necessariamente artesanais. Ao contrário, o desafio é colocar todo o potencial tecnológico a serviço de uma sociedade nova: justa e sustentável, solidária e fraterna.
O que implica, de imediato, em trocar a panaceia do crescimento a qualquer custo pelo empenho na distribuição dos recursos naturais e da renda. Implica também a busca de novos canais, instrumentos e mecanismos de participação popular em dupla função: por um lado, controle efetivo e constante das atividades exercidas por aqueles que são eleitos pelo sufrágio universal da democracia para representar os diversos setores da sociedade; por outro lado, igual controle do montante de arrecadação do Estado e do orçamento público, tendo consciência do uso correto e do destino dos recursos provindos de impostos, taxas, etc. Implica, por fim, em substituir o viver bem daqueles que tudo podem e tudo querem porque se encontram no topo da pirâmide, pela noção indígena do bem viver, numa relação sadia com as coisas, as plantas, os animais e as pessoas… Em com as novas tecnologias. Estas devem estar a serviço do bem como, da política com “P” maiúsculo, como se diz, e não da manutenção dos privilégios de poucos. O que significa em escala local e global, uma nova relação com a natureza, os diferentes ecossistemas e com o outro. No limite ideal, é evidente que isso deverá levar não à inversão da pirâmide, mas à destruição de todo e qualquer tipo de sistema piramidal.
Fonte: Adital
Rio+20: ecologia rima com tecnologia
Rio+20: ecologia rima com tecnologia

25/05/2012

Soluções conjuntas são a base para sucesso da Rio+20

Nessa terça-feira (22), durante o debate ‘O Caminho para a Rio+20 e Além’, organizado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, criticou o ritmo atual das negociações e pediu agilidade no processo de discussão do texto final para a Rio +20.
Ele listou sete pontos importantes para o desenvolvimento sustentável: emprego decente, sendo que 80 milhões de jovens entram para a busca de trabalho anualmente; segurança alimentar e agricultura sustentável, visando zerar a fome; acesso universal a fontes limpas e eficientes de energia; acesso universal a água potável e saneamento; diretrizes para as políticas de preservação e uso sustentável dos oceanos.
Outro ponto citado por Ban foi o fortalecimento de instituições que apoiem o desenvolvimento sustentável em todos os níveis (social, econômico e ambiental) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Avançar no processo de definição de metas claras e mensuráveis para o desenvolvimento sustentável no período pós 2015, incluindo indicadores, foi o último ponto ressaltado por ele.
“A Rio+20 é a nossa chance de fazer progresso em todas estas áreas, enquanto revitalizam-se parcerias globais para o desenvolvimento sustentável – parcerias essenciais com a sociedade civil, autoridades locais e o setor privado”, avaliou o secretário-geral.
“Acima de tudo, temos que realizar um replanejamento profundo do atual modelo econômico e apostar em novas políticas de economia verde”, disse Ban.
Nassir Abdulaziz Al-Nasser, presidente da Assembleia Geral da ONU, na mesma linha que Ban, enfatizou que duas decisões cruciais estão no caminho para a conferência: metas, os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e o enquadramento institucional para o desenvolvimento sustentável de forma que seja estruturado para integrar melhor as três dimensões do conceito (social, ambiental e econômica).
O negociador-chefe do Brasil na Rio+20, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, levou uma mensagem do Ministro das Relações Exteriores, Antonio Aguiar Patriota. No texto, o país pediu ambição dos estados membros.
“Esta é uma oportunidade única para toda uma geração”, enfatizou, citando também a necessidade de medidas em longo prazo, coordenação internacional e investimentos em inovação e educação.
“A Rio+20 deve ter grande impacto em como governos lidam com o desenvolvimento sustentável, mas, mais do que isso, nada será alcançado se não inspirarmos a sociedade civil”, escreveu o Ministro.
Desafios
O Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED, em inglês) lançou um desafio aos líderes da Rio +20 com três pontos.
Fortalecer o controle local sobre os recursos naturais é o primeiro deles, sendo considerado pelo instituto como a melhor maneira de garantir investimentos robustos no uso sustentável das florestas, da água, dos solos e outros recursos, criando ao mesmo tempo empregos, lucros e modos de vida seguros tanto no campo quanto na cidade.
“Quando os governos reconhecem os diretos e organização das comunidades locais, eles incentivam tomadas de decisão em longo prazo e o manejo sustentável de ativos elementares. Esta também é uma opção melhor para investidores externos, já que os lucros precisam ser equilibrados para gerar resultados estáveis em longo prazo”, comentou a diretora do IIED, Camila Toulmin.
O segundo ponto colocado pelo IIED são investimentos na resiliência ambiental, econômica e social face aos dados que confirmam um crescimento em eventos como extremos climáticos, preços voláteis dos alimentos e combustíveis e instabilidade financeira.
A resiliência a tais choques pode ser construída pelos governos com políticas que priorizem a capacidade adaptativa em longo prazo, atividades econômicas mais diversificadas e um crescimento resiliente climaticamente.
“A oferta descentralizada de energia, novas abordagens para a densidade urbana, modelos de negócios inclusivos e maior rastreabilidade nas instituições globais estão entre os tijolos para a construção da resiliência aos choques, que tendem a atingir as comunidades mais pobres e vulneráveis com mais força”, explicou Toulmin.
Aplicar valores reais para o meio ambiente e bem-estar humano, visando colocar a sociedade em um caminho mais seguro, é o terceiro desafio lançado pelo IIED.
Assim como pesquisadores brasileiros alertaram durante o Viva a Mata, evento realizado em São Paulo no último final de semana, o IIED alerta que atualmente os verdadeiros custos e benefícios ambientais não aparecem nos balanços econômicos, e que usamos o PIB para mensurar o desenvolvimento apesar de saber que ele não reflete o bem-estar humano e pode mascarar os aspectos insustentáveis do crescimento.
“Precisamos mudar a forma de mensuração do progresso. O primeiro passo, e o mais urgente, é um preço significativo e crescente do carbono e o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis”, ressaltou a diretora.
O artigo mostra como o encontro de junho no Rio é uma oportunidade para que os líderes cheguem a um acordo nestas três áreas abrangentes e interconectadas, cujas soluções também estão intimamente ligadas. O IIED fará a apresentação do artigo durante uma conferência no Rio de Janeiro em 16 e 17 de junho.
Na próxima semana será realizada em Nova York a última rodada de negociações para o rascunho da Rio+20, cujos documentos mais recentes podem ser lidos online.
Fonte: Instituto Carbono Brasil
A menos de um mês da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, as sugestões para retomar a confiança no processo multilateral passam por assuntos diversos, porém com interconexões claras e elementares
A menos de um mês da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, as sugestões para retomar a confiança no processo multilateral passam por assuntos diversos, porém com interconexões claras e elementares

Lixo do tsunami do Japão chegou ‘aos montes’ na costa do Alasca

Uma quantidade “sem precedentes” de dejetos arrastados pelo tsunami que varreu o Japão no ano passado chegou à costa do Alasca, afirmaram ambientalistas que se preparam para iniciar uma operação de limpeza maciça.
Material flutuante, incluindo boias e isopor, foi arrastado para a Ilha Montague, 190 km a sudeste de Anchorage, em volumes que claramente sugerem uma onda de detritos do tsunami mortal de 11 de março de 2011.
“Os dejetos encontrados em inspeções iniciais na ilha revelaram uma quantidade absolutamente sem precedentes de boias, isopores e outros detritos flutuantes”, afirmou Patrick Chandler, do Centro de Estudos Costeiros do Alasca.
Ele afirmou que há anos o lixo procedente da Ásia é arrastado até a costa do Alasca, portanto “é incrivelmente difícil afirmar com certeza absoluta que um pedaço dado dos detritos deve-se ao tsunami”.
“No entanto, nunca vimos a quantidade que vemos agora. No passado, teríamos encontrado algumas dúzias de boias pretas, usadas na aquicultura japonesa, durante uma limpeza de praias. Agora, vemos centenas”, afirmou, antes de iniciar uma operação de limpeza de praias, previsto para começar nesta quinta-feira e durar 12 dias.
“Não há nenhuma outra fonte possível para este aumento, além do tsunami. Portanto, nossa conclusão é que talvez esta seja sua origem”, acrescentou.
Pelo oceano
Espera-se que milhões de toneladas de detritos do terremoto japonês sejam arrastadas nos próximos meses e anos. Cientistas havaianos desenvolveram modelos de computador para prever onde e quando podem chegar.
No começo de abril, a Guarda Costeira dos Estados Unidos afundou uma traineira japonesa deserta que apareceu ao longo da costa do Alasca mais de um ano depois de ter ficado à deriva após ser atingido pelo tsunami.
Também no mês passado, um estudante japonês recebeu a notícia de que teria devolvida sua bola, avistada na ilha Middleton, no Golfo do Alasca.
No começo de maio, a imprensa canadense reportou que uma motocicleta Harley-Davidson com placas de uma das áreas mais afetadas pelo terremoto no Japão tinha sido encontrada por um banhista nas ilhas Haida Gwaii, na costa da Columbia Britânica.
Fonte: G1
Bairro de Kesennuma estava alagado após o tsunami ocorrido em março (Foto: AP)
Bairro de Kesennuma estava alagado após o tsunami ocorrido em março (Foto: AP)

Greenpeace critica falta de detalhamento dos vetos ao Código Florestal

O coordenador de campanhas da organização não governamental (ONG) Greenpeace, Márcio Astrini, criticou a falta de detalhamento dos vetos e modificações no texto do Código Florestal, anunciados hoje (25) pelo governo.
A presidenta Dilma Rousseff decidiu vetar 12 itens e fazer 32 modificações no texto, mas as alterações não foram detalhadas e só serão divulgadas na segunda-feira (28), com a publicação do texto final no Diário Oficial da União e o encaminhamento da comunicação dos vetos ao Congresso Nacional.
“O Brasil dorme hoje sem saber qual é o seu Código Florestal, qual o texto que vai ser alterado pela caneta da [presidenta] Dilma. A gente esperava que de fato o governo divulgasse alguma coisa, mas o que vimos foram apenas discursos para não dizer nada à sociedade, não explicar que alterações serão feitas na segunda-feira”, declarou.
A principal modificação feita no texto é a mudança nas regras para recomposição de areas de Preservação Permanente (APPs) de margens de rios, para substituir o Artigo 61 do código aprovado pela Câmara dos Deputados no fim de abril. O texto só exigia a recuperação da vegetação de APPs ao longo de rios com, no máximo, 10 metros de largura. E não previa nenhuma obrigatoriedade de recuperação dessas áreas nas margens dos rios mais largos.
Com a alteração anunciada hoje, os produtores rurais terão que recompor entre 5 e 100 metros de vegetação nativa das APPs nas margens dos rios, dependendo do tamanho da propriedade e da largura dos rios que cortam os imóveis rurais.
Segundo Astrini, a mudança não é satisfatória e não garante a recuperação das matas ciliares. “O governo não apresentou nenhuma base técnica para a definição dessas regras. O governo não tem nenhuma base para isso que apresentou. Não houve nenhum anúncio que possa garantir que essa recuperação seja eficiente e vá assegurar a recuperação do meio ambiente”, disse.
Desde a aprovação do novo código na Câmara, organizações ambientalistas e movimentos sociais lideraram um movimento chamado Veta, Dilma, pedindo que a presidenta derrubasse os pontos considerados mais críticos do projeto. Segundo Astrini, quaisquer que sejam os vetos apresentados na segunda-feira, não serão suficientes para melhorar a legislação ambiental.
“O que a gente queria era o veto total. E o veto total não vai ser feito nessa lei, vão ser feitas reformas, o que é absolutamente insuficiente. O texto antigo tem anistia distribuída em diversos artigos, não sabemos quais serão vetados, quais serão as redações novas”.
De acordo com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, além dos 12 vetos, das 32 modificações que serão feitas ao Código, 14 recuperam o texto do Senado, cinco são novos dispositivos da lei, e 13 são ajustes ou adequações ao conteúdo.
Fonte: Agência Brasil
Greenpeace critica falta de detalhamento dos vetos ao Código Florestal
Greenpeace critica falta de detalhamento dos vetos ao Código Florestal

Economia verde encerra série de debates sobre a Rio+20 promovida pela Rádio Estadão ESPN

A Rádio Estadão ESPN, com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Instituto Socioambiental (ISA) e o Vitae Civilis, organiza, no próximo dia 28 de maio (segunda-feira), às 10h, o terceiro e último Debate Radar Rio+20, com o tema “Economia verde”. O evento reúne, no Salão Nobre da Fundação Getúlio Vargas, importantes nomes para discussão de relevantes temas para o entendimento da conferência mundial sobre Desenvolvimento Sustentável.
Os debatedores serão Aron Belinki, coordenador de Processos Internacionais do Instituto Vitae Civilis, e Mario Monzoni, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade (Gvces). O encontro terá mediação de André Carvalho, da FGV-EAESP. Nos dois debates anteriores foram abordados os temas “Energia”, em abril, e “Cidades sustentáveis”, em março.
O evento faz parte do pacote de cobertura que a emissora prepara para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. A Rádio Estadão ESPN faz parte do projeto Radar Rio+20, que objetiva transmitir informações sobre a Conferência, em parceria com o GVCes, Instituto Socioambiental e Instituto Vitae Civilis. Entre as ações, está a manutenção de site e a distribuição de livreto que aborda os dois temas centrais que estarão em debate na Rio+20, “Economia Verde e Governança”, além de trazer um panorama histórico dos debates sobre Desenvolvimento Sustentável na ONU. A emissora é a parceria de mídia da iniciativa.
O encontro terá flashes no Estadão no Ar 1ª Edição, vídeos com os especialistas para a TV Estadão e cobertura do caderno Planeta, do Estadão. Os jornalistas que quiseram cobrir o evento devem confirmar presença pelos telefones (11) 3277-8891, ramal 29, e 9462-9496 ou e-mail marco@luciafaria.com.br.
Serviço:
Debate “Economia Verde”
Data: 28 de maio – a partir das 10h
Salão Nobre da Fundação Getúlio Vargas (Rua Itapeva, 432 – 4º – Bela Vista)
Informações e inscrições: www.estadaoespn.com.br
Vagas limitadas
(Rádio Estadão ESPN)
Fonte: Envolverde
Evento no dia 28 de maio (segunda-feira), no Auditório da FGV, reunirá importantes nomes para discussão de temas da conferência mundial
Evento no dia 28 de maio (segunda-feira), no Auditório da FGV, reunirá importantes nomes para discussão de temas da conferência mundial

22/05/2012

A cidade do lado de fora

As cidades que existem além das portas e janelas de nossas casas são o reflexo do que pensamos e o resultado de nossas ações em relação a elas. A cidade reflete a violência de seus moradores, a educação de seus cidadãos, a gestão de seus políticos e a qualidade de vida, boa ou má, para a qual todos contribuem.
Na maioria das cidades, os grandes problemas têm soluções relativamente simples. Ações e mudanças que não são necessariamente estruturais, mas que apresentam o potencial de transformar a qualidade de vida dos habitantes. Boa parte dessas ações precisa apenas de mudanças de comportamento e da forma de ver e entender os espaços públicos.
Mobilidade, educação, saúde, saneamento e habitação estão entre os principais fatores que definem a qualidade de vida em uma cidade. No caso brasileiro, a maioria das capitais e grandes cidades, as elites e os gestores fizeram opções por mobilidade com base em automóveis, educação e saúde privadas, poucos e equivocados investimentos em saneamento, além de projetos habitacionais que emparedam as classes altas em condomínios e empurram as classes mais pobres para periferias e morros onde a presença do Estado é quase sempre muito deficitária.
Nas cidades que estão crescendo, o modelo é quase sempre o mesmo. Enquanto ainda podem não são tomadas as decisões para a mudança de modelo. Pelo contrário, o conceito corrente de “desenvolvimento” é imitar o modelo degradante de capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, que estão entre as cidades com mais problemas sociais do mundo. O Brasil tem pouco mais de 5 mil municípios e precisa estabelecer metas claras de qualidade de vida para cada um deles, com indicadores econômicos e sociais que indiquem prioridades com foco em políticas públicas que garantam mobilidade e acesso a serviços públicos de forma universal.
As cidades brasileiras precisam privilegiar as vocações de suas regiões e de seus cidadãos e não se transformarem em cópias mal acabadas de metrópoles degradadas. É preciso que se compreenda que a construção de uma sociedade sustentável e uma economia mais justa passa por um esforço consciente em direção a melhoria de indicadores de qualidade de vida. Há muitos exemplos do que deve ser banido das relações sociais. Na capital de São Paulo, por exemplo, em 2009 foram cerca de 1.400 pessoas mortas no trânsito, quase metade formada por pedestres.
Por mais que os governos realizem investimentos para ampliar serviços de saúde e escolas, a falta de participação da sociedade nas soluções faz com que as ações sejam sempre insuficientes. A qualidade do ensino nas escolas públicas empaca na ausência da família na busca de solução para a conturbada convivência entre alunos e professores e abre espaço para conflitos que não deveriam ocupar crianças e adolescentes. A incapacidade de reduzir a violência no trânsito e em outras esferas das relações humanas ampliam a deformação dos serviços de saúde, que precisam ser superdimensionados para tratar de epidemias que precisam apenas de educação para serem debeladas.
No quesito saneamento e lixo os equívocos continuam. As maiores metrópoles ainda não conseguiram estabelecer padrões de coleta que garantam a reciclagem em escala industrial e as cidades menores estão, em grande maioria, fazendo apenas a coleta do lixo, sem destinação adequada. A relação das pessoas com o lixo é mágica. Colocam-se os resíduos em um saquinho na calçada e “puf”, ele desaparece. Praticamente ninguém sabe para onde ele vai. Vale a máxima: o que os olhos não veem…
Na maior parte das cidades da Europa, os moradores têm de sair de casa e depositar o lixo em contêineres preparados para receber as diversas classes de resíduos, que tem uma destinação final adequada. Na maior parte das cidades brasileira, o modelo de coleta replica a relação mágica, que faz o saquinho sumir da calçada. Comprometer mais as pessoas na solução dos problemas pode ajudar a construir uma relação mais sustentável da sociedade com seus espaços públicos.
A participação das pessoas na busca de soluções, em todos os aspectos da vida nas cidades, é uma forma de melhorar a qualidade dos serviços públicos. Colaborar com atividades nas escolas, se organizar em associações que busquem soluções para questões da vida em sociedade, cobrar das autoridades o exercício cidadão das prerrogativas do Estado em relação à segurança e Justiça são formas de transformar as cidades, mesmo aquelas que já estão avançadas em direção ao modelo de cidadania egocêntrica que se estabeleceu nas metrópoles.
A transformação também deve se dar nas escolhas de incentivos que as cidades podem oferecer para seu desenvolvimento econômico. Buscar fórmulas que incentivem atividades de baixo impacto ambiental e de benefícios sociais consistentes, tais como incentivos para a implantação de novos negócios, oferta de infraestrutura direcionada para a sustentabilidade, com forte aporte de acesso a tecnologias da informação, internet e outros meios de comunicação on line, formar profissionais em áreas de inovação e manter alto nível em projetos educacionais são caminhos seguros para o desenvolvimento inclusivo e capaz de elevar os indicadores de qualidade de vida das cidades.
No entanto, por mais que o poder público tenha uma atuação diferenciada, que busque incentivar caminhos sustentáveis, a participação das pessoas, da sociedade e das organizações é fundamental.
É preciso que a sociedade local entenda as necessidades de sua comunidade e participe na escolha das soluções. Muitas vezes, o gestor público vê e interpreta um problema ou uma demanda social de forma burocrática ou tecnocrática e busca soluções no caderno tradicional que preconiza grandes obras e manutenção de modelos que já estão fora da agenda da sociedade. É o caso de soluções de mobilidade que preveem viadutos, grandes avenidas e pontes, enquanto a cidade talvez apenas precise redesenhar os trajetos de seus transportes públicos para dar mais agilidade e mobilidade a ônibus e bicicletas.
Apesar de existirem graves problemas nas metrópoles brasileiras, a grande maioria das cidades são ainda pequenas e fáceis de se repensarem em termos de modelos. É preciso apenas que a inovação, tão necessária para que o futuro seja um bom lugar para se viver, seja também utilizada na gestão pública. A participação social é estruturante, não apenas na gestão das cidades, mas para a definição de caminhos para a criação de oportunidades de trabalho, de empreendedorismo e de renda.
A redefinição dos espaços públicos e das políticas públicas devem ser parte de um processo de reconstrução da cidadania como forma de garantir qualidade de vida e excelência em gestão. Isso é possível apenas de forma participativa, na qual as famílias frequentam as escolas dos filhos, os cidadão participam dos conselhos municipais de meio ambiente, de saúde, da infância etc. Onde a cidadania não se restringe ao processo eleitoral e a paisagem fora de nossas janelas forma parte de nossas vidas.
* Dal Marcondes é jornalista especializado em jornalismo econômico, diretor e editor responsável da Envolverde – Revista Digital e presidente do Instituto Envolverde.
**Publicado originalmente no site “Tecnologia Social e Desenvolvimento Sustentável – Contribuições da RTS para a formulação de uma política de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação”
Fonte: Rede de Tecnologia Social
A cidade do lado de fora
A cidade do lado de fora

Para o desenvolvimento sustentável vale mais o antes tarde do que nunca

Rio de Janeiro, Brasil, 21/5/2012 – A cúpula ambiental no Brasil é a oportunidade de colocar em prática o que há 20 anos se teorizou como meta em termos de desenvolvimento sustentável: a necessidade de integrar as dimensões econômicas, social e ambiental para evitar o tão anunciado colapso planetário.
Esta mensagem de urgência foi dada por ocasião do lançamento, em 18 de maio, no Rio de Janeiro, da versão em português do informe “Povos Resilientes, Planeta Resiliente – Um Futuro Digno de Escolha”, preparado pelo Painel de Alto Nível do Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, sobre Sustentabilidade Global. O documento resume “uma imensa preocupação” não “pelos custos do fazer, mas pelos do não fazer”, segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que fez parte desse grupo internacional.
O texto surgido do Painel, que em sua versão original já havia sido apresentado mundialmente, servirá de base na discussão da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá entre 20 e 22 do mês de junho na cidade do Rio de Janeiro.
Entre suas conclusões mais contundentes alerta que, apesar dos avanços, como o da redução da pobreza extrema, o mundo vive hoje “o pior dos tempos”. Outro alerta que se destaca é que a desigualdade entre pobres e ricos está aumentando gravemente e há mais de um bilhão de pessoas na pobreza, enquanto as fronteiras ambientais estão impondo novos limites.
“É importante ver ao mesmo tempo que o desenvolvimento sustentável já é aceito como conceito, quando ainda falta colocá-lo em prática”, afirmou André Corrêa do Lago, chefe da Divisão de Políticas de Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
E os prazos diminuem cada vez mais. Calcula-se que a quantidade de habitantes da Terra passará dos sete bilhões atuais para quase nove bilhões em 2040. O mesmo acontecerá com os consumidores da classe média, cuja quantidade aumentará em três bilhões nos próximos 20 anos. A consequência esperada é que a demanda por recursos aumente de forma exponencial.
Até 2030 o mundo necessitará, no mínimo, de mais 50% de alimentos, 45% a mais de energia e mais 30% de água potável, segundo o informe do Painel. Corrêa do Lago, que será chefe dos negociadores do Brasil na Rio+20, não duvida que “o desenvolvimento sustentável é a resposta a ser dada”.
Por sua vez, Aspasia Camargo, representante do Partido Verde (PV) na Comissão Nacional Rio+20, disse que o mais importante do informe é ter conseguido inserir a economia, “um pilar que sempre foi muito frágil” no tripé do desenvolvimento sustentável, junto com o ambiental e o social. Mas, em entrevista à IPS, pediu “maior objetividade para implantar essa premissa”.
Um objetivo imediato da conferência, pelo menos no desejo da ministra Izabella Teixeira, é o estabelecimento de padrões de consumo e de produção. Como ilustração, deu o exemplo da diferença entre um consumidor que anda de bicicleta sem custo ambiental ou em um veículo com motor flex com opção para usar biocombustível e um que “utiliza automóvel movido a gasolina”.
A ministra também espera que dupliquem as metas de energias renováveis. Recordou que enquanto no Brasil a energia de fontes renováveis representa 75% do total produzido, e logo passará a 83%, há outros Estados onde chega a apenas 3%.
O secretário-executivo do Painel, o húngaro Janos Pasztor, também considerou importante no curto prazo a proposta de agregar ao indicador do produto interno bruto (PIB), que mede a riqueza dos países, outros que contemplem questões ambientais. “O PIB atual não é suficiente. Temos que desenvolver outro índice que vá além do econômico, para medir o progresso”, acrescentou.
A visão de longo prazo dos integrantes do Painel é “erradicar a pobreza; reduzir a desigualdade e fazer com que o crescimento seja inclusivo, e que produção e consumo sejam mais sustentáveis ao enfrentar a mudança climática e respeitar outros diversos limites planetários”. Aspasia Camargo acrescentou que “os recursos naturais já não são suficientes para sustentar tanto milhares de milhões em 40 anos. Não serão suficiente para manter os padrões de consumo atual, que inclusive só podem ser desfrutados pelos países mais ricos, que são uma minoria”.
A representante do PV disse que se sentiria “muito satisfeita” se pelo menos se chegasse a um acordo sobre prazos mínimos para ter indicadores de desenvolvimento sustentável “funcionando com periodicidade”. Isso, em termos práticos, significaria ter, por exemplo, inventários sobre a mudança climática, “atualmente ridiculamente escassos”, ou que haja apoio financeiro para instrumentá-los por parte do Banco Mundial ou de outras agências multilaterais, para que todos os países tenham acesso a esses indicadores e controlem suas metas.
Também considera relevante que as cidades comecem a ter protagonismo na Organização das Nações Unidas (ONU) e em suas conferências ambientais que atualmente estão “relegadas aos corredores ou às últimas salas”. A deputada deu o exemplo de cidades norte-americanas como Nova York, Los Angeles e São Francisco, que conseguiram reduzir as emissões de gases-estufa de modo mais acentuado do que a média nacional. “Hoje, a liderança não deve estar nas mãos dos países, mas nas mãos das cidades”, defendeu.
Fonte: Envolverde/IPS
Para o desenvolvimento sustentável vale mais o antes tarde do que nunca
Para o desenvolvimento sustentável vale mais o antes tarde do que nunca

Teremos que esperar a Rio 2032?

No último dia 20 de março, um imenso veleiro com bandeira holandesa, dois mastros de 55 metros, tripulação de 32 pessoas e heliponto estacionou no porto de Manaus, no Rio Negro. Entre os tradicionais barcos de madeira que compõem o cenário, aquele colosso chamava a atenção de quem passava. No seguinte, um bote de ação com motores potentes estacionou na proa com um grupo de jornalistas brasileiros e internacionais, entre eles este repórter. A comitiva foi recebida pela cúpula mundial e brasileira da ONG Greenpeace.
Depois de algumas doses de suco feito com frutas locais, o número 1 da organização, o sul-africano Kumi Naidoo, o diretor executivo no Brasil, Marcelo Furtado, e o coordenador na Amazônia, Paulo Adário, conduziram os profissionais da imprensa e mais duas dezenas de líderes ambientais para uma excursão pelo navio Rainbow Warrior. Joia da coroa do Greenpeace, o barco, inaugurado no fim do ano passado, foi o primeiro feito sob medida para os ativistas. Um assessor da ONG conta que o primeiro navio do grupo foi adquirido em 1977 e explodido pelo serviço secreto francês em 1985, quando se preparava para impedir testes nucleares franceses. A missão que começou ali vai terminar em junho, no Rio de Janeiro, durante o maior evento sobre meio ambiente do planeta, a Rio+20.
Quando desembarcarem na capital fluminense, os 32 tripulantes se unirão aos representantes de outras ONGs no evento paralelo ao encontro dos chefes de Estado, a Cúpula dos Povos. Quando isso acontecer, eles terão na bagagem uma poderosa ferramenta de constrangimento para o governo brasileiro. Foi no porão do Rainbow Warrior que o motivo da visita foi revelado: coletar 1,4 milhão de assinaturas e levar ao Congresso uma proposta de lei de iniciativa popular, nos moldes da Ficha Limpa, para colocar a taxa de desmatamento no Brasil no único nível em que pode ser considerada aceitável: o zero. A ideia é apresentar um contraponto ao projeto elaborado pelo ex-deputado federal e hoje ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que modificou drasticamente o Código Florestal Brasileiro.
Ao fazer isso em pleno Rio de Janeiro durante a Rio+20, o Greenpeace vai criar mais um elemento de pressão sobre a anfitriã da Conferência da ONU, a presidenta Dilma Rousseff. Antes que alguém tivesse tempo de questionar o alcance da iniciativa, diversos vídeos foram apresentados com depoimentos de celebridades, como Camila Pitanga e Marcos Palmeira. Com assinatura da badalada produtora Conspiração Filmes, as vinhetas tinham qualidade visual e conteúdo impecáveis. A produção e os cachês dos comerciais não custaram nada à ONG e serão exibidos em rede nacional de televisão. “Estive com Dilma antes da eleição e faço um apelo do fundo do meu coração: que ela vete o projeto do Código Florestal. A escolha dela é simples: permitir lucros de curto prazo para pouca gente ou tomar medidas de sustentabilidade que beneficiem o povo brasileiro”, disse Kumi Naidoo. “Infelizmente, no debate do Código Florestal, os políticos ignoraram os alertas dos cientistas e os anseios da população. Escreveram um texto que vai contra a preservação florestal. A lei do Desmatamento Zero é a resposta da sociedade civil a esse atropelo”, completou Paulo Adário, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace.
Quase simultaneamente à apresentação do projeto pela ONG, em outro extremo de Manaus, no lendário Hotel Tropical, líderes políticos, celebridades e empresários de todo o mundo faziam a abertura do 3° Fórum Mundial de Sustentabilidade. Entre os convidados, estava o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso. Um dia antes do fim do encontro, Kumi Naidoo, Paulo Adário e Marcelo Furtado subiram discretamente até a suíte presidencial, onde foram recebidos por FHC. Sem a presença da imprensa, o ex-presidente sentou-se com o grupo em uma mesa redonda e, depois de alguns minutos de conversa, colocou seu nome no topo do abaixo-assinado que vai se tornar projeto de lei. No dia seguinte, o Rainbow Warrior deixou Manaus e seguiu seu trajeto, que inclui Santarém, Belém, São Luís, Recife, Salvador e Santos.
A iniciativa do Greenpeace exemplifica o dilema vivido pelo governo brasileiro às vésperas da Rio+20. Enquanto luta contra o esvaziamento do evento, a presidenta Dilma enfrenta uma mobilização intensa do lobby do agronegócio pelo recrudescimento do projeto do Código Florestal. Some-se a esse quadro a insatisfação da base aliada, e temos um perigoso cenário para as pretensões brasileiras de emergir como liderança global da sustentabilidade. Por ora, a palavra de ordem do governo é otimismo. “O Brasil chegará à Rio+20 podendo anunciar a criação de 1 milhão de novos empregos. Depois da frustração de Copenhague, estamos otimistas que a Rio+20 trará resultados. E o Brasil será protagonista”, disse à Fórum o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado. A pretensão do Palácio do Planalto tem lastro histórico. Na Conferência de 1992, eram os países desenvolvidos os donos da pauta. Passadas duas décadas, os Brics ganharam força.
“Rascunho Zero”. Presença idem?
Vinte anos depois de Fernando Collor de Mello transformar a Conferência da ONU do Rio, em 1992, na vitrine de sua rápida passagem pelo governo, Dilma luta contra o tempo para evitar o esvaziamento da Rio+20. Com a crise europeia dominando a agenda e os Estados Unidos em aquecimento para as eleições presidenciais, teme-se no Palácio do Planalto que os principais chefes de Estado enviem representantes do segundo ou terceiro escalão e que o evento termine sem nenhuma articulação concreta – ou seja, prazos e metas. Dilma convidou pessoalmente vários chefes de Estado para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá em 20, 21 e 22 de junho no Rio de Janeiro. Ligou para Vladimir Putin, primeiro-ministro russo; para o rei Juan Carlos, da Espanha, e falou pessoalmente com a chanceler alemã, Angela Merkel, em Hannover. Não adiantou. Nenhum dos três confirmou presença, embora o rei tenha garantido a participação de seu primeiro-ministro no evento.
Em visita ao Brasil no final de março, quando esteve no Fórum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus, o ex-primeiro ministro da França, Dominique de Villepin, se mostrou cético. “Em meio à crise, vamos enfrentar dificuldades em chegar a decisões comuns. Nas eleições da Europa, a pauta ambiental ficou fora dos debates. Foi assim na França, Espanha e Alemanha.” Até o fechamento dessa reportagem, 80 chefes de Estado haviam confirmado participação no evento. O número é alto, mas não constam da lista os pesos pesados. Segundo o embaixador Luis Alberto Figueiredo, secretário executivo da Comissão Nacional para Rio+20, a presença de Barack Obama “pode acontecer”, mas ela ainda é uma incógnita.
Sem a presença dos líderes, a Rio+20 corre o risco de produzir apenas uma carta de intenções. Esse seria o pior cenário para o Brasil, que defende aprovação de metas de desenvolvimento sustentável aplicadas a todos os países, não só aos em desenvolvimento. Em mais de uma ocasião, o secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang, mostrou-se preocupado que a crise econômica internacional e as eleições em países como os EUA comprometam as negociações.
O ponto de partida dos debates será um documento elaborado pela ONU chamado “Rascunho Zero”, que tem sido duramente criticado pela superficialidade. No Fórum de Manaus, o coordenador executivo da Rio+20, o francês Brice Lalonde, explicou que o “Rascunho” foi elaborado com sugestões enviadas pelos 193 Estados-membros da ONU. “Se os países não estão felizes com esse documento, deveriam ter enviado sugestões melhores.” Questionado sobre o fantasma do esvaziamento do evento, Lalonde se diz otimista. “A presença de chefes de Estado na Rio+20 vai superar a Rio +92. Seria difícil para os líderes mundiais não comparecerem ao evento.”
Para a alegria dos parlamentares presentes, entre eles, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), Lalonde afirmou que a Rio+20 será a consagração definitiva do “Bolsa Família”. “O mundo precisa assumir programas concretos para a erradicação da pobreza e adotar o exemplo do Bolsa Família.” Mais tarde, em conversas com jornalistas, FHC se esquivou. “O combate à pobreza é outra coisa. O foco tem que ser o meio ambiente.” O sul-africano Kumi Naidoo se mostrou cético em relação ao sucesso da Rio+20. “Se formos brutalmente honestos, diremos que nossos líderes foram sonâmbulos. Vemos 350 mil vítimas por ano por causa das mudanças climáticas. A Rio+20 tem poucas chances de reverter esse quadro.” Entre os organizadores da Conferência, já existe uma espécie de plano B. Se nada de concreto for definido, os chefes de Estado serão pressionados a pelo menos fortalecer o combalido Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma). Sucateado, o organismo ganharia mais recursos e status político mundial. Se isso acontecer, restaria esperar pela Conferência Rio 2032. F
“O Brasil vive um retrocesso na questão indígena e ambiental“, diz cacique Suruí
Em 2007, o líder indígena Almir Suruí ganhou os holofotes mundiais ao fechar uma parceria inédita com o Google, que levou a tecnologia às tribos. Dessa forma, os índios puderam guardar em vídeos e fotos a história da aldeia. Mas a parceria foi além: com smartphones e aparelhos GPS, os índios aprenderam a delimitar suas terras para denunciar desmatamentos ilegais. No ano passado, Suruí foi escolhido pela revista americana Fast Company um dos cem líderes mais criativos do mundo nos negócios. “A esperança do mundo na Rio+20 está na ação do Brasil. O país precisa se preparar não apenas logisticamente, mas também com propostas para o futuro” disse o cacique à Fórum.
Durante o evento, seu discurso será duro com o governo brasileiro. “O papel de Dilma em relação aos povos indígenas é péssimo. Belo Monte foi feita de qualquer jeito. Para presidir o Brasil é preciso respeitar as diferenças.” Para Suruí, o novo Código Florestal brasileiro representa uma ameaça às tribos. “O Código Florestal vai dar incentivo ao desmatamento. E as terras indígenas estão nas regiões que serão mais afetadas.”
“Projeto Desmatamento Zero é resposta ao Código Florestal”
Fórum – Seria melhor adiar a votação do Código Florestal?
Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace no Brasil – O adiamento é apenas um indicativo de que a proposta não fala de floresta, e sim do agronegócio. Pior que isso. O Código Florestal não fala de um agronegócio moderno, que concilia sustentabilidade com produção de alimentos, mas sim de um agronegócio retrógrado. A nossa resposta é essa lei de iniciativa popular, a Lei do Desmatamento Zero.
Fórum – Se ficar para junho, o debate sobre o Código não corre risco de cair no esquecimento?
Furtado – A sociedade brasileira vai usar no futuro o Código como um ícone sobre o que vai acontecer com a sustentabilidade no Brasil. A presidenta Dilma tem no colo um dilema indicativo claro do que a sociedade brasileira quer: 80% do país disse que não concorda com o desmatamento
Fórum – O autor do projeto, ex-deputado e ministro Aldo Rebelo (PCdoB-SP) costuma criticar organizações estrangeiras que atuam no Brasil, como o Greenpeace. O que diria a ele?
Furtado – Nós comemoramos 20 anos no Brasil defendendo um país verde limpo. Aldo Rebelo, que gosta muito de História, devia estudar mais. A sociedade brasileira é interligada com os desafios mundiais. O Brasil pode liderar esse debate ou se juntar ao atraso.
(Revista Fórum)
Fonte: Envolverde
Às vésperas da Rio+20, Brasil tenta atrair líderes mundiais para a Conferência e evitar a implosão de seu discurso sustentável
Às vésperas da Rio+20, Brasil tenta atrair líderes mundiais para a Conferência e evitar a implosão de seu discurso sustentável

Brasileiros são os mais informados sobre biodiversidade

A União para o Biocomércio Ético (UEBT) divulgou nesta quarta-feira, 16/05, o estudo Barômetro de Biodiversidade 2012, que avaliou o nível de conhecimento e preocupação da população de oito países - Brasil, Índia, Peru, França, Alemanha, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos - a respeito dafauna e flora. Os brasileiros se saíram bem na pesquisa e levaram o título de mais bem informados a respeito do assunto.
97% dos entrevistados nascidos no país “verde e amarelo” já haviam ouvido falar de biodiversidade e 47% deles souberam definir o termo de forma correta. “Ou seja, quase um em cada dois consumidores sabe exatamente do que se trata”, diz Cristiane de Moraes, representante da UEBT no Brasil.
O segundo lugar desse ranking ficou com a França, onde 95% estão familiarizados com o assunto e 38% sabem explicá-lo, seguida pela Suíça. A pior colocação foi a da Índia. Apenas, 19% dos entrevistados do país já ouviram falar em biodiversidade e só 0,4% deles souberam definir o conceito corretamente.
PREOCUPAÇÃO NA HORA DAS COMPRASNo quesito consumo consciente, os brasileiros também apresentaram resultados satisfatórios. Cerca de 70% dos entrevistados no país afirmam se preocupar em conhecer a origem dos ingredientes naturais usados para produzir cosméticos, alimentos e bebidas, mostrando que se preocupam com a preservação da fauna e flora. Além disso, 69% deixariam de comprar um artigo, caso soubessem que o fabricante não possui boas práticas na cadeia de abastecimento.
Para se informar a respeito do assunto, a maioria dos brasileiros recorre a programas de televisão e documentários. Já a segunda fonte mais utilizada para descobrir a relação das empresas com a biodiversidade é a publicidade - sobretudo, as propagandas de TV.
Apesar de toda a ânsia do consumidor por informações a respeito do engajamento das marcas com a preservação da fauna e flora, poucas empresas comunicam sobre a questão. De acordo com a pesquisa da UEBT, apenas, 31 das 100 empresas líderes do mercado de beleza, por exemplo, mencionam a biodiversidade em seus sites ou relatórios socioambientais.
“É preciso atentar para essa grande lacuna e aproveitar a deixa dada pelos consumidores que querem saber se o que eles estão levando para casa tem uma pegada sustentável ou não”, afirma Cristiane de Moraes.
Veja o resumo do Barômetro de Biodiversidade 2012, em inglês.
Fonte: Planeta Sustentável
Brasileiros são os mais informados sobre biodiversidade
Brasileiros são os mais informados sobre biodiversidade

Brasil sediará órgão da ONU para meio ambiente, antecipa Carlos Minc

O Brasil sediará um órgão das Nações Unidas (ONU) para pesquisa em tecnologia verde. Segundo o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, a iniciativa deve ser anunciada pela presidenta Dilma Rousseff em 5 de junho, Dia do Mundial do Meio Ambiente, às vésperas da Rio+20. O órgão deve ser instalado na cidade do Rio de Janeiro.
“É um órgão da ONU ligado à pesquisa em tecnologia limpa, economia verde, de baixo carbono”, declarou Minc à Agência Brasil.
Segundo ele, que já foi ministro do Meio Ambiente, a presidenta também lançará um pacote de medidas para alavancar o desenvolvimento sustentável no país. Entre elas, a criação de unidades de conservação e a divisão de metas de redução das emissões de gases do efeito estufa entre os setores da economia.
Em relação ao novo órgão da ONU, Minc disse que a estrutura será composta por pesquisadores brasileiros e estrangeiros e será vinculada ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). “Um dos pontos da Rio+20 é a discussão da governança ambiental global e nossa ideia é fortalecer o Pnuma. Não tem sentido o problema ser tão grave e o Pnuma tão fraco”, disse Minc durante entrevista no lançamento do Rio Clima, evento que ocorrerá paralelamente à Rio+20.
O novo órgão poderá ser instalado no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Ilha do Fundão, onde está um dos principais centros de pesquisa em tecnologia no país, o Coope (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia). O atual secretário do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, é um dos principais pesquisadores do instituto.
Na semana passada, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, sinalizou a criação, pelo Brasil, de uma instituição focada “nos três pilares do desenvolvimento sustentável” (ambiental, econômico e social) e que colocaria o país na vanguarda. Na ocasião, ela disse que “o Brasil pode tratar de uma estrutura de governança sustentável. Aguardem [cenas] dos próximos capítulos”.
O Rio Clima (Rio Climate Challenge) será realizado entre os dias 13 e 21 de junho e discutirá formas de enfrentar as mudanças no clima no planeta e preparar propostas para a Conferência das Partes (COP) 18, em dezembro, no Catar.
Fonte: Agência Brasil
Brasil sediará órgão da ONU para meio ambiente, antecipa Carlos Minc
Brasil sediará órgão da ONU para meio ambiente, antecipa Carlos Minc

12/05/2012

Algumas melhorias no modelo vigente de sustentabilidade


Para ser sustentável, o desenvolvimento há de ser economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. Já submetemos à crítica este modelo standard. Mas devemos ser justos. Houve analistas e pensadores que se deram conta das insuficiências deste tripé. Acrescentaram-lhes outras pilastras complementares. Vejamos algumas delas.
Gestão da mente sustentável
Para que exista um desenvolvimento sustentável, importa previamente construir novo design mental, chamado por seu formulador, o professor Evandro Vieira Ouriques, da Escola de Comunicação do Universidade Federal do Rio de Janeiro, de gestão da mente sustentável. Tenta resgatar o valor da razão sensível pela qual o ser humano se sente parte da natureza, se impõe um autocontrole para superar a compulsão ao produtivismo e ao consumismo. Visa a um desenvolvimento integral e não só econômico, o que envolve dimensões do humano. É um avanço inegável. Melhor seria se entendesse Terra-Humanidade-Desenvolvimento como um único e grande sistema interconectado, fundando um novo paradigma.
Generosidade
Rogério Ruschel, editor da revista eletrônica Business do Bem, acrescentou uma outra pilastra: a categoria ética da generosidade. Esta se funda num dado antropológico básico: o ser humano não é apenas egoísta buscando seu bem particular, mas é muito mais um ser social que coloca os bens comuns acima dos particulares ou os interesses dos outros no mesmo nível de seus próprios. Generoso é aquele que comparte, que distribui conhecimentos e experiências sem esperar nada em troca. Uma sociedade é humana quando, além da justiça necessária, incorpora a generosidade e o espírito de cooperação de seus cidadãos.
Para Ruschel a generosidade se opõe frontalmente ao lema básico do capital especultativo do greed is good, isto é, boa é a ganância. Ela não é boa mas perversa, porque quase afundou todo o sistema econômico mundial. Na generosidade há algo de verdadeiro porque especificamente humano. Na feliz metáfora do jornalista Dal Marcondes da ONG Envolverde, há que se distinguir a generosidade da simples filantropia, da responsabilidade social e da sustentabilidade. A primeira, dá o peixe ao faminto; a responsabilidade social, ensina a pescar; a sustentabilidade preserva o rio que permite pescar e com o peixe matar a fome. Entretanto, parece-nos, que somente ela é insuficiente. Demanda outras dimensões como a superação da desigualdade, a forma de consumo e a atenção à comunidade de vida que precisa também ser alimentada e preservada.
A cultura
Em 2001, o australiano John Hawkes lançou “o quarto pilar da sustentabilidade: a função essencial da cultura no planejamento público”. No Brasil foi mérito de Ana Carla Fonseca Reis, fundadora da empresa Garimpo de Soluções e autora do livro Economia da Cultura e Desenvolvimento Sustentável, de tê-la assumido, difundindo-a em muitos cursos e palestras. Este dado da cultura é fundamental, porque encerra princípios e valores ausentes no conceitostandard de sustentabilidade. Favorece o cultivo das dimensões tipicamente humanas como a coesão social, a arte, a religião, a criatividade e as ciências. Deixa para trás a obsessão pelo lucro e pelo crescimento material, e abre espaço para uma forma de habitar a Terra que condiz melhor com a lógica da natureza. Ocorre que esta dimensão da cultura foi sequestrada pelos interesses comerciais. Só será realmente eficaz quando, libertada, fundar uma relação criativa com a natureza.
A neuroplasticidade do cérebro
Cientistas se dão conta de que a estrutura neural do cérebro é extremamente plástica. Por meio de comportamentos críticos ao sistema consumista, se pode gerar hábitos de moderação e respeitadores dos ciclos da natureza. O cérebro coevolui consonante à evolução exterior, dando-se aí uma relação de interdependência.
Por fim, o cuidado essencial
Eu mesmo desenvolvi a categoria “cuidado” como essencial para a sustentabilidade. Entendo o cuidado exposto em dois textos – Saber cuidar: ética do humano-compaixão pela Terra (1999) e O cuidado necessário (2012) como uma constante cosmológica e biológica. Detalhes podem ser lidos nos livros referidos.
Nesta fase de busca de formas mais adequadas para garantir a vitalidade da Terra e o futuro de nossa espécie, toda contribuição é bem-vinda e sempre traz alguma luz.
* Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor, autor de Tempo de Transcendência: o ser humano como projeto infinito, Vozes, 2005.
** Publicado originalmente no site leonardoBOFF.com.
(leonardoBOFF.com)
Algumas melhorias no modelo vigente de sustentabilidade
Algumas melhorias no modelo vigente de sustentabilidade

Um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos


Há três anos o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo de agrotóxicos no mundo. Um terço dos alimentos consumidos cotidianamente pelos brasileiros está contaminado pelos agrotóxicos, segundo alerta feito pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em dossiê lançado durante o primeiro congresso mundial de nutrição que ocorre no Rio de Janeiro, o World Nutrition Rio 2012, que termina nesta terça-feira (1º).
O documento destaca que, enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 93%, o brasileiro aumentou 190%. Em 2008, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu o posto liderança, representando uma fatia de quase 20% do consumo mundial de agrotóxicos e movimentando, só em 2010, cerca de US$ 7,3 bilhões – mais que os EUA e a Europa.
A primeira parte do dossiê da Abrasco  faz um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde e na segurança alimentar. A segunda parte, com enfoque no desenvolvimento e no meio ambiente, terá seu lançamento durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e na Cúpula dos Povos na Rio+20, em junho, no Rio de Janeiro.
Segundo um dos coordenadores do estudo, Fernando Carneiro, chefe do departamento de Saúde Coletiva da UnB (Universidade de Brasília), “o dossiê é uma síntese de evidências científicas e recomendações políticas”.
“A grande mensagem do dossiê  é que o Brasil conquistou o patamar de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Queremos vincular a ciência à tomada de decisão política”, disse Carneiro ao UOL.
Soja é o que mais demanda agrotóxico
Segundo dados da Anvisa e da UFPR compilados pelo dossiê, na última safra (2º semestre de 2010 e o 1º semestre de 2011), o mercado nacional de venda de agrotóxicos movimentou 936 mil toneladas de produtos, sendo e 246 mil toneladas importadas.
Em 2011 houve um aumento de 16% no consumo que alcançou uma receita de US$ 8,5 bilhões. As lavouras de soja, milho, algodão e cana-de-açucar representam juntas 80% do total das vendas do setor.
Na safra de 2011 no Brasil, foram plantados 71 milhões de hectares de lavoura temporária (soja, milho, cana, algodão) e permanente (café, cítricos, frutas, eucaliptos), o que corresponde a cerca de 853 milhões de litros de agrotóxicos pulverizados nessas lavouras, principalmente de herbicidas, fungicidas e inseticidas. O consumo em média por hectare nas lavouras é de 12 litros por hectare e exposição média ambiental de 4,5 litros de agrotóxicos por habitante, segundo o IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo o dossiê, a soja foi o cultivo que mais demandou agrotóxico – 40% do volume total de herbicidas, inseticidas, fungicidas e acaricidas. Em segundo lugar no ranking de consumo está o milho com 15%, a cana e o algodão com 10%, depois os cítricos com 7%, e o café, trigo e arroz com 3% cada.
Maior concentração em hortaliças
Já para a produção de hortaliças, em 2008, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), o consumo de fungicidas atingiu uma área potencial de aproximadamente 800 mil hectares, contra 21 milhões de hectares somente na cultura da soja.
“Isso revela um quadro preocupante de concentração no uso de ingrediente ativo de 22 fungicidas por área plantada em hortaliças no Brasil, podendo chegar entre 8 a 16 vezes mais agrotóxico por hectare do que o utilizado na cultura da soja, por exemplo”, alerta o dossiê.
Numa comparação simples, o estudo estima que a concentração de uso de ingrediente ativo de fungicida em soja no Brasil, no ano de 2008, foi de 0,5 litro por hectare, bem inferior à estimativa de quatro a oito litros por hectare em hortaliças, em média. “Pode-se constatar que cerca de 20% da comercialização de ingrediente ativo de fungicida no Brasil é destinada ao uso em hortaliças”, destaca o estudo da Abrasco.
Riscos para a saúde
O dossiê revela ainda evidências científicas relacionadas aos riscos para a saúde humana da exposição aos agrotóxicos por ingestão de alimentos. Segundo Fernando Carneiro, o consumo prolongado de alimentos contaminados por agrotóxico ao longo de 20 anos pode provocar doenças como câncer, malformação congênita, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais.
Um fato alarmante foi a constatação de contaminação de agrotóxico no leite materno, afirmou. Para o cientista, não se sabe ainda ao certo as consequências para um recém-nascido ou um bebê que está em fase inicial de formação. “Uma criança é altamente vulnerável para esses compostos químicos. Isso é uma questão ética, se vamos nos acostumar com o nível de contaminação do agrotóxico”, criticou.
Parte dos agrotóxicos utilizados tem a capacidade de se dispersar no ambiente, e outra parte pode se acumular no organismo humano, inclusive no leite materno, informa o relatório. “O leite contaminado ao ser consumido pelos recém-nascidos pode provocar agravos a saúde, pois os mesmos são mais vulneráveis à exposição a agentes químicos presentes no ambiente, por suas características fisiológicas e por se alimentar, quase exclusivamente, com o leite materno até os seis meses”, destaca o estudo.
Recomendações
O dossiê da Abrasco formula 10 princípios e recomendações para evitar e reduzir o consumo de agrotóxicos nos cultivos e na alimentação do brasileiro. Carneiro defende a necessidade de se realizar uma “revolução alimentar e ecológica”.
Segundo o IBGE, cerca de 70 milhões de brasileiros vivem em estado de insegurança alimentar e nutricional, sendo que  90% desta população consume frutas, verduras e legumes abaixo da quantidade recomendada para uma alimentação saudável. A superação deste problema, de acordo com o dossiê, é o desenvolvimento do modelo de produção agroecológica.
Carneiro e sua equipe composta por seis pesquisadores defendem a ampliação de fontes de financiamento para pesquisas, assim como a implantação de uma Política Nacional de Agroecologia em detrimento ao financiamento público do agronegócio e o fortalecimento das políticas de aquisição de alimentos produzidos sem agrotóxicos para a alimentação escolar – atualmente a lei prevê 30% deste consumo nas escolas.
Além disso, o documento defende a proibição de agrotóxicos já banidos em outros países e que apresentam graves riscos à saúde humana e ao ambiente assim como proibir a pulverização aérea de agrotóxicos.
O cientista defende ainda a suspensão de isenções de ICMS, PIS/PASEP, COFINS e IPI concedidas aos agrotóxicos. “A tendência no Brasil é liberalizar ainda mais o uso de agrotóxico, só no Congresso Nacional existem mais de 40 projetos de lei neste sentido. Nós estamos pagando para ser envenenados”, criticou Carneiro.
Fonte: Uol Notícias
Um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos
Um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos

11/05/2012

USP lança dois livros com temas da Rio+20


Títulos sobre governança ambiental internacional, inclusão social, sustentabilidade socioambiental e diversidade serão lançados em 16/5.
O Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (Procam/IEE-USP), o Grupo de Pesquisa em Ciências Ambientais do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) e a Editora Annablume convidam para o lançamento de dois títulos que tratam de temas a serem discutidos durante a Rio+20.
Trata-se dos livros Governança da Ordem Ambiental Internacional e Inclusão Social, organizado por Wagner Costa Ribeiro, e A Sustentabilidade Socioambiental: Diversidade e Cooperação, organizado por Sônia Maria Flores Gianesella e Pedro Roberto Jacobi.
Os lançamentos vão ocorrer no dia 16 de maio de 2012, das 18h30 às 21h30, na Livraria da Vila da Fradique Coutinho, em Pinheiros, na capital paulista.
A obra Governança da Ordem Ambiental Internacional e Inclusão Social está organizada em duas partes. Na primeira, cujo título dá nome ao livro, estão textos que abordam a governança ambiental internacional, o papel da economia nesse contexto, os impasses da ordem ambiental internacional, o modo como a governança ambiental institucionalizou-se no Brasil e as questões energéticas.
Na segunda parte do livro, intitulada “Saúde, Pobreza e Mudanças Climáticas”, encontram-se contribuições que discutem as relações entre a economia verde, inclusão social e saúde, formas de combate à pobreza por meio do uso do patrimônio cultural edificado, análise de políticas territoriais associadas à inclusão social, o papel dos catadores no processo da gestão dos resíduos sólidos e os avanços da ciência do clima, bem como as relações entre clima e estoques hídricos.
O conjunto de textos apresentados nessa obra oferece ao leitor uma ampla gama de possibilidades para assuntos centrais no mundo atual.
O livro A Sustentabilidade Socioambiental: Diversidade e Cooperação é o sétimo volume da coletânea de dissertações e teses do Procam/IEE-USP. Seus catorze textos estabelecem um diálogo com a contemporaneidade.
Destaca-se nessa obra a gestão socioambiental participativa, transformações nas lógicas agrícolas e impactos nos ecossistemas, medidas judiciais e controle de áreas contaminadas, questões de direitos do cidadão, negociação, questões de empoderamento, respeito à diversidade e cooperação e educação para a sustentabilidade.
Os temas abordados indicam o desenvolvimento socioambiental como um caminho para atingir a sustentabilidade, caracterizando um retrato da evolução da discussão ambiental.
Serviço
O quê: Lançamento dos livros Governança da Ordem Ambiental Internacional e Inclusão Social e A Sustentabilidade Socioambiental: Diversidade e Cooperação;
Quando: 16 de maio de 2012, das 18h30 às 21h30;
Local: Livraria da Vila da Fradique;
Endereço: Rua Fradique Coutinho, 915, Pinheiros – São Paulo (SP).
* Publicado originalmente no site Instituto Ethos.
(Instituto Ethos)
Fonte: Envolverde
Títulos sobre governança ambiental internacional, inclusão social, sustentabilidade socioambiental e diversidade serão lançados em 16/5.
Títulos sobre governança ambiental internacional, inclusão social, sustentabilidade socioambiental e diversidade serão lançados em 16/5.