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31/07/2012

O prazer da simplicidade



Mesmo em férias, é preciso tomar decisões a todo momento

ACHADOS

O prazer da simplicidade

Nossa colunista, que passa longos períodos com o pé na estrada, revela o que faz quando sente saudade de casa

Nos últimos cinco anos, fiz cinco viagens longas. Foram nove meses na Ásia em três etapas e cinco meses entre México e América Central em duas empreitadas. Nas rodinhas de amigos, esse assunto gera reações diversas. Uns acham que tenho a vida que todo mundo pediu a Deus. Outros, que sou uma espécie de neohippie pós-moderna. Cabeças mais analíticas buscam razões mais profundas: "Ela foge dos problemas que não quer resolver." Almas capitalistas fazem cálculos tentando saber como as minhas contas fecham. 

Palpites à parte, todos perguntam: você não se cansa? Talvez um dia eu me canse de focar a energia nisso. Mas as viagens longas em si não precisam ser cansativas. Ou melhor: viajo com tempo justamente porque gosto de viajar com calma. Em vez de saltar entre dez países diferentes porque tenho três meses, prefiro investir todo esse tempo em conhecer melhor um país ou uma região. 

Numa viagem de uma semana, saímos de casa com uma certa programação mental. Quando temos quatro meses pela frente, a fórmula é outra. Você se prepara para se desconectar por mais tempo, para tentar sentir menos saudade de tudo e de todos, para pensar nos problemas do seu dia a dia com menos frequência. Não me perguntem como faço isso. Mas funciona. 

E do que eu sinto saudade quando, finalmente, me canso? Da família, dos amigos, do meu banheiro. Mas tudo isso é óbvio. Menos óbvia é a sensação de curtir um dia sem nenhuma decisão a ser tomada. Você já pensou em quantas pequenas coisas tem de decidir ao longo de uma viagem? 

A melhor maneira de visualizar esse sentimento é me imaginar atirada no sofá, vendo qualquer besteira na televisão, praticamente lobotomizada, e sem me sentir nem um pouco culpada por isso. Viajar também é aprender a curtir as coisas que parecem insignificantes no nosso cotidiano. 

*Adriana Setti é adepta do slow travel e gosta de ter uma história em cada cidade por onde passa





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